Risco de comprometer mais de 40% da renda domiciliar per capita com saúde é maior para pessoas mais velhas e mais pobres.
por Agência Bori em 24/06/22 10:58
Estudo publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública” revelou o impacto dos planos de saúde na renda domiciliar dos beneficiários. O risco de comprometer mais de 40% da renda domiciliar per capita com saúde é maior para pessoas que pagam planos de saúde, mais velhas e com menos renda, mostra a pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Os pesquisadores analisaram dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, junto a 57.920 domicílios brasileiros, realizada entre julho de 2017 e julho de 2018. Os questionários incluíram seções com perguntas sobre a obtenção de medicamentos e de serviços de saúde, com itens específicos para gastos com planos e seguros de saúde empresarias e individuais.
Ricardo Moraes, pesquisador da UFRJ e um dos autores do artigo, afirma que a insegurança financeira associada ao pagamento de planos de saúde ficou mais comum porque os aumentos das mensalidades dos planos, consistentemente acima da inflação, foram se acumulando ao longo dos anos. Isso acontece especialmente para os planos coletivos, que não têm uma regra de aumento anual, como a dos planos individuais, monitorada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
“As definições de gasto catastrófico com saúde consideram que ele acontece quando as pessoas têm que abrir mão de gastos básicos (como alimento e moradia), por um certo período de tempo, para pagar despesas com saúde. Isso pode acontecer com pessoas que têm que arcar com grandes aumentos nas mensalidades de seus planos e não podem, no momento, abrir mão desse serviço. É o caso de pessoas idosas em tratamento médico ou que consideram que há grande chance de precisar de atendimento e do acesso a esse atendimento que o plano propicia”, explica Moraes.
Ainda de acordo com o autor, atualmente os reajustes anuais têm a ver com os preços dos serviços de saúde pagos através dos planos e com a quantidade de serviços usada. Então, afirma Moraes, se os usuários de planos individuais usam mais serviços num ano que no ano anterior, as operadoras podem repassar parte do efeito desse aumento de quantidade para as mensalidades no ano seguinte.
“É importante que os formuladores de políticas públicas, o público em geral e também as empresas de planos de saúde tenham informações abrangentes sobre quem paga hoje por esse serviço, sobre como esse gasto se relaciona com a renda dessas pessoas e sobre que tipo de problema (como o gasto catastrófico) os reajustes muito altos de mensalidades podem criar”, aponta.
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