Mineradora arremata ferrovia com lance mínimo em leilão sem concorrentes Compra

Mineradora arremata ferrovia com lance mínimo em leilão sem concorrentes


No segundo dia da Infra Week, série de três leilões de infraestrutura que acontece esta semana, a Bahia Mineração (Bamin) arrematou o trecho inicial da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Sem concorrentes, a companhia ganhou a concessão com a oferta de R$ 32,73 milhões, valor próximo do preço mínimo estipulado pelo governo federal. 

O valor é bem mais baixo do que o arrecadado nesta quarta-feira (7) quando o governo arrecadou mais de R$ 3 bilhões com a oferta de 22 aeroportos que tiveram sete empresas concorrentes. 

A Bamin é subsidiária do grupo Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão. Com o resultado do leilão, a empresa irá operar por 35 anos os primeiros trechos da Fiol que ligam os municípios de Ilhéus (BA) e Caetité (BA). Ao todo, R$ 3,3 bilhões são esperados em novos investimentos — desses, R$1,6 bilhão deve ser empregado na finalização da ferrovia. 

A empresa era apontada como a principal interessada no projeto, que servirá como uma rota de escoamento do minério de ferro extraído da Mina Pedra de Ferro, operada pela Bamin em Caetité, no interior do Estado. A ferrovia servirá de rota para exportação do minério de ferro a partir do Porto Sul, em fase de construção em Ilhéus, no litoral baiano.

Apesar das promessas de geração de empregos e progresso para o Estado, a ferrovia tem sido alvo de críticas da população local, pesquisadores e ambientalistas. Em carta aberta, 65 organizações da sociedade civil, empresas da região sul da Bahia e movimentos sociais alertam investidores via ferroviária “inviabiliza o cumprimento dos padrões ambientais, sociais e de governança necessários para garantir a sustentabilidade em suas operações e investimentos”.

Em Caetité (BA), a Bamin deve construir uma barragem de rejeitos cinco vezes maior que a do Fundão, que rompeu em Mariana, em 2015. Parte da ferrovia irá atravessar uma área preservada de Mata Atlântica. 

“Essa estrada de ferro vai cortar uma área que é considerada uma reserva da Mata Atlântica. Há um impacto ambiental de fato e o debate sobre o projeto passa por isso”, avalia Júlio Hegedus, analista da Ohmresearch, em entrevista ao Dinheiro Na Conta. 

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