Enquanto EUA e Europa miram crescimento sustentável em 2021, Brasil perde oportunidade de liderar retomada verde
por Juliana Causin em 18/01/21 09:10
Os efeitos da crise da pandemia do novo coronavírus trouxeram à tona, no mundo, o debate sobre uma retomada mais sustentável da economia, a chamada “economia verde”. Em 2021, duas mudanças importantes podem impulsionar ainda mais as iniciativas desse tipo de crescimento.
A primeira é a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos e a garantia do democrata de retorno da maior economia do mundo aos compromissos assumidos no Acordo de Paris, em 2015. A segunda vem da Europa, com o “Green New Deal”, o Pacto Ecológico Europeu. O objetivo dos países da União Europeia é tornar o continente o primeiro no mundo neutro no clima.
Mas como fica o Brasil em um cenário em que o mundo caminha, cada vez mais, para a economia verde? Um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Econômico), apresentado em dezembro de 2020, alerta que o crescimento sustentável é crucial para a recuperação econômica brasileira.
Os analistas da OCDE alertam que atividade econômica no Brasil deve ficar até 2022 em níveis pré-pandemia. Entre os principais desafios do país, eles destacam a proteção das florestas e da biodiversidade. O relatório aponta para o aumento do desmatamento nos últimos dois anos e recomenda ao país o fortalecimento da fiscalização ambiental.
“O Brasil tem potencial para liderar o caminho da remodelação e reconstrução da economia global de forma sustentável, resiliente e inclusiva”, segundo o secretário-Geral da OCDE, Angel Gurría.
Em entrevista ao Dinheiro Na Conta, Sérgio Gusmão, presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), ressaltou que o Brasil tem diversos compromissos ambientais assumidos no âmbito internacional. Ele acredita que a retomada verde da economia pode trazer oportunidades para o setor privado.
“Oportunidades não faltam”, segundo ele. Entre elas, Gusmão cita os projetos de reflorestamento, de parques de produção de energia limpa, de saneamento e tratamento de água, e de transporte sustentável. “Há uma enormidade de projetos em que o elemento do desenvolvimento sustentável pode ser integrado e pode ser alvo de parcerias e mobilização de recursos internacionais e nacionais”, acrescenta.
Marcel Fukuyama, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e cofundador do Sistema B Brasil, explica que o Brasil teria potencial de liderar a onda de retomada verde da economia no mundo. O caminho adotado pela atual gestão do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Economia, no entanto, acabam indo em sentido contrário.
“No Brasil, nós estamos vendo um desmonte da política ambiental e uma política econômica que neste momento não atende principalmente às populações vulneráveis”, afirma.
Fukuyama prossegue. “O Brasil, ao não assumir o protagonismo global dessa agenda, pelo seu mercado interno, pela sua biodiversidade, pela reserva capital, deixa de gerar mais de 8 milhões de empregos”.
O momento, segundo ele, não é mais o de pensar em preservação do meio ambiente, mas em recuperação do que já foi degradado. No final, ele ressalta, o país perde competitividade ao não engatar na onda da recuperação verde. Perde o meio ambiente e perde a economia brasileira.
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