Aeronave apreendida no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, tem de bandeira Venezuelana, mas já pertenceu ao Irã.
por Cândido Prunes em 14/06/22 15:40
A América Latina tem potencial para gerar incidentes internacionais bizarros. Hoje, por exemplo, encontra-se apreendido no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, um Boeing 747 cargueiro. A aeronave, de bandeira Venezuelana, pertenceu ao Irã até há poucos meses e encontrava-se na lista do Departamento do Tesouro Americano como ligada ao terrorismo. Procedente do México, o avião pousou na capital argentina no último dia 6 de junho, aparentemente trazendo componentes para a indústria automobilística daquele país do Prata. Mais um detalhe chama a atenção: o cargueiro tinha uma tripulação de 17 (dezessete) homens, quando o normal seria de dois a quatro. Cinco tripulantes eram iranianos, entre eles o comandante da aeronave. No dia 8 o avião decolou de Buenos Aires em direção a Montevidéu, onde iria abastecer para seguir viagem para Caracas. No meio do trajeto as autoridades uruguaias proibiram o pouso em seu território. A tripulação tentou levar então o avião para o Paraguai e o Brasil, mas a autorização para pouso foi negada. Assim não restou aos tripulantes outra alternativa senão retornar a Ezeiza, onde a Shell e YPF se negam a abastecer o avião por conta das sanções americanas.
Esse incidente não entrou na pauta da grande imprensa brasileira, mas como a Argentina e a Venezuela são nossos sócios no Mercosul, há muitos aspectos relevantes que precisam ser acompanhados de perto. Esse incidente está ocorrendo num momento crítico para o Irã, por conta de seu programa nuclear. Teme-se que a proximidade do atual governo argentino com o regime dos aiatolás possa levar a uma colaboração nessa área. Também especula-se que a verdadeira intenção do voo seria levar pessoas e equipamentos para perpetrar mais um atentado contra alvos judaicos, como aconteceu contra a embaixada de Israel e a entidade AMIA há vários anos em Buenos Aires, cometidos por radicais iranianos ligados a Guarda Revolucionária.
Este avião, meio iraniano, meio venezuelano, tem circulado pela América Latina. Soube-se que há pouco, por exemplo, esteve em Ciudad del Leste, no Paraguai, para pegar um carregamento de cigarros destinado ao Caribe. Aliás, surpreende que aquela cidade paraguaia tenha um aeroporto que comporte um Boeing 747.
A proximidade desses dois sócios do Mercosul com o regime iraniano deveria ser razão para grande preocupação. Há um risco efetivo para a segurança da região.
*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.
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