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Inovação

Mercado de Trabalho TIC em Blumenau: de uma ‘spin-off’ a uma referência estadual

O desafio maior é gerar mão de obra para as empresas locais e regionais que necessitam cobrir 2 mil vagas em aberto

por Charles Schwanke em 14/04/21 20:30

Blumenau começa seus primeiros passos na construção de um setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) numa ação colaborativa iniciada por algumas empresas têxteis de grande porte na segunda metade dos anos 1960. Pode-se dizer que o setor têxtil foi “spin-off” do setor TIC em  Blumenau.

Percebendo a necessidade de iniciar o processo de informatização de seus dados, em 1969, 13 indústrias têxteis se uniram e criaram o CETIL – Centro Eletrônico da Indústria Têxtil. Na época, não existia mão de obra local para essa área e muitos profissionais vieram de outros estados. E o setor rapidamente avançou: entre os anos 1970 – 1980 chegou a empregar 3,5 mil pessoas.

Em 1975 o CETIL apóia a criação do primeiro curso de processamento de dados do Brasil pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), que é uma instituição de ensino superior pública municipal, criada em 1964. Esse curso foi o primeiro em Santa Catarina, o segundo no sul do Brasil e o oitavo do país.

Aqui já se percebe claramente a colaboração entre a Prefeitura de Blumenau, a Furb e a iniciativa privada que, unidas, começam a gerar mão de obra qualificada ao novo setor criado. A própria Furb, aliás, foi um projeto idealizado pela cidade com ações envolvendo a sociedade local.

Com o passar dos anos o CETIL passa a ser “spin-off” de diversas outras empresas de TIC com destaque para softwares de gestão e contabilidade. O segmento vem numa crescente e em 1992 os empresários do setor TIC criam a sua associação, a Blusoft – Pólo Tecnológico de Informação e Comunicação da Região de Blumenau. Por muitos anos atuou como incubadora e condomínio de base tecnológica.

Em 2002 surge, então, o Instituto Gene Blumenau que passa a atuar como incubadora com ações voltadas ao empreendedorismo e a inovação. A Prefeitura de Blumenau é uma das principais parceiras dessa organização com aporte mensal de recurso financeiro.

Em 2006 a cidade começa um projeto de geração de mão de obra ao setor TIC chamado Entra21. De lá pra cá já formou mais de 4 mil jovens com apoio direto da Prefeitura de Blumenau, Governo do Estado de Santa Catarina (por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC) e empresas TIC da região. São 480 horas de capacitações gratuitas e mais o ensino de alemão ou inglês. O programa é super bem sucedido e com taxas acima de 80% de empregabilidade.

Em 2020 é inaugurado o Centro de Inovação Blumenau (CIB) que abriga empresas incubadas e empresas inovadoras, além de desenvolver projetos com foco na inovação. A abrangência do CIB é o Médio Vale do Itajaí e com atuação em rede com os demais 18 centros de inovação espalhados pelo Estado de Santa Catarina. O projeto dos Centros de Inovação é uma ação do Governo do Estado de Santa Catarina que pretende colocar o estado com protagonista desse tema no País.

Todas essas ações fazem com que Blumenau atualmente tenha algo como 1.200 empresas TIC, gere aproximadamente 15 mil empregos, estimativa de R$ 5 bi de faturamento, maior arrecadador de ISS da cidade e um setor que cresce a taxa média de 25% ao ano. Blumenau, segundo o Observatório Acate, é a 6ª cidade com mais de 383 empresas por 100 mil habitantes e a 1ª como cidade do interior do Brasil.

O desafio maior é gerar mão de obra para as empresas locais e regionais que necessitam cobrir 2 mil vagas em aberto. Temos diversas instituições de ensino – técnico e superior – que oferecem vagas, treinamentos internos nas empresas, o programa Entra21, cursos de curta duração, cursos online, etc. 

Mesmo assim, falta mão de obra e as empresas correm atrás de gente por todo o Brasil e muitas vezes falta aos jovens buscarem essa qualificação que está aberta, muitas vezes de forma gratuita. Temos conhecimento inclusive de cursos ofertados e que não preenchem as vagas. 

Enfim, de uma ‘spin-off’ o setor de TIC em Blumenau passou por diversas fases e hoje colhe frutos desta trajetória sendo uma das referências em Santa Catarina e também no país. Que consigamos continuar garantindo qualificação e que a cidade e as empresas continuem crescendo e ajudando a economia como um todo.


Quem é Charles Schwanke?

Charles Schwanke é diretor de Desenvolvimento Econômico & Inovação da Prefeitura de Blumenau e Secretário do Conselho de Administração do Instituto Gene Blumenau

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