Em 15 meses de pandemia do Covid-19 foram desenvolvidos exames, remédios e vacinas em tempo recorde
por Juliana Cavalcanti em 05/08/21 23:16
A verdadeira corrida de cientistas de todas as partes do mundo para encontrar tratamento, vacinas e métodos de diagnósticos mais rápidos para o Covid-19 podem ter impacto positivo no combate e no tratamento de outras enfermidades. Em 15 meses de pandemia, a troca de informações e investimentos para combater a pandemia do novo coronavírus foram capazes de desenvolver novas tecnologias em exames, remédios e vacinas que provavelmente favorecerão o enfrentamento de outras doenças. Essa é uma das avaliações da epidemiologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Celina Turchi.
Em sua participação no Quinta Chamada desta semana, a cientista comparou o período da pandemia a um cenário de guerra, devido à demanda de respostas rápidas e urgentes da ciência. Turchi citou como um dos exemplos os exames de RT-PCR, para detectar a infecção pelo Covid-19, que antes demoravam semanas em laboratório e agora podem dar o resultado em questão de horas.
“A gente espera que esse conhecimento possa ser aplicado. Embora eu tenha trabalhado parte da minha vida com a epidemia da dengue e muitas vezes a gente se surpreendia com 1 milhão de casos, no caso do Covid-19 os números são espantosos, são impensáveis. Demandam respostas muito rápidas, fazer redes e tentar fazer o melhor possível num cenário de incertezas, poucos recursos, e tendo que fazer todos os processos, projetos de pesquisa, comitês de ética com a velocidade exigida em tempo de guerra”, relatou a pesquisadora.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia (MERG) – que identificou e estuda a relação da microcefalia com os casos de infecção de mulheres grávidas pelo Zika Virus no Brasil, desde 2015, Celina Turchi compara os investimentos no combate ao Zika com os que foram direcionados para a pandemia do novo coronavírus. “O investimento e a carga da doença determinam o desenvolvimento de vacinas. Enquanto para o Zika Virus foram desenvolvidas quatro vacinas que não saíram da fase 2, temos atualmente entre 150 e 200 vacinas contra o Covid-19. São escalas muito diferentes, mas a gente não pode minimizar o risco que temos de novos surtos de Zika e mesmo da manutenção de casos”, considera.
O MERG continua acompanhando mães e filhos vítimas da Síndrome da Zika e de acordo com a cientista da Fiocruz existe a possibilidade de haver um novo surto em um período de 5 a 7 anos. “Agora temos uma situação que é a seguinte: temos o vetor em abundância, que é o mosquito Aedes aegypti – que também transmite a Dengue, a Chikungunya, mulheres que ficam grávidas, não temos vacina, e temos a possibilidade real de termos um novo surto. Os modelos matemáticos indicam que em 5 a 7 anos poderemos ter outro surto de microcefalia. Estamos preparados? Não. Estamos combatendo o vetor adequadamente? Não. Há um desmonte no Ministério da Saúde? Sim. E essa sobreposição de tragédias que acontecem são muito dramáticas do ponto de vista de pesquisas e do ponto de vista de acompanhamento daquelas crianças que nasceram durante aquele surto e estão atualmente com 5 ou 6 anos de idade”, finalizou.
Além da epidemiologista Celina Turchi, o Quinta Chamada Ciência desta semana contou com as participações da cientista da computação Nina da Hora, da astrônoma Duilia de Mello e do jornalista Salvador Nogueira. A apresentação é da jornalista Cecília Oliveira. O Quinta Chamada é transmitido sempre às quintas, a partir das 20h30, no Canal MyNews, sempre com temas diferentes e interessantes relacionados à pesquisa e ao conhecimento científico.
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