Semana também lembra aniversário de Juscelino Kubitschek
por Por Luiz Cláudio Ferreira, repórter da Agência Brasil l em 11/09/22 11:35
Nascer do Sol no Cerrado
Pequi, jatobá, araticum, baru, murici, goiaba, graviola, mangaba, buritis, ipês… Mesmo com tantas cores, cheiros ou sabores que se encontram no Cerrado, há quem não reconheça toda a importância estratégica desse bioma para o País. Neste domingo (11), é Dia do Cerrado, e que será motivação de mais reflexões sobre preservação contra poluição e desmatamento.
Não pode ser reconhecido apenas como uma vegetação de savana cinza. Na prosa, João Guimarães Rosa celebrou o Cerrado como um verdadeiro personagem, por exemplo, em Grande Sertão: Veredas (publicado em 1956). O escritor mineiro destacou, já naquela altura do século 20, que a profusão natural deveria ser especialmente protegida porque poderia estar ameaçada.
O oásis das veredas, área encharcada anunciada por buritis, não podia ser soterrada pelos latifúndios. Um bioma que não tem a mesma opulência de árvores altas como a Floresta Amazônica acaba não tendo a mesma visibilidade ou conhecimento da população. Como diz o poeta radicado no Cerrado de Brasília, Nicolas Behr: “Nem tudo que é torto é errado/ veja as pernas do Garrincha/ e as árvores do Cerrado”
A importância do bioma de árvores de raízes profundas, que está em 15 estados brasileiros, em 22% do território nacional e que alimenta oito das 12 grandes bacias hidrográficas brasileiras, pode ser mais conhecida em materiais jornalísticos e programas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Especialistas ouvidos para estes materiais explicam que a vegetação do Cerrado absorve a água da chuva e a deposita em reservas subterrâneas, os aquíferos. Por isso, o bioma é considerado o berço das águas.
Há cinco anos, o programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, destacou Um gole de Cerrado, com ênfase para o fato que é no bioma em que nascem as águas das bacias dos rios Tocantins, Parnaíba e São Francisco. Ao mesmo tempo, alertava para os riscos de deterioração pela ocupação desordenada do solo e desmatamento por conta da construção de cidades e ferrovias, por exemplo, ou pelas atividades econômicas, como a agropecuária. O programa estimou que pelo menos 50% da vegetação nativa foi destruída desde os anos 1970.
A própria construção de Brasília, inaugurada em 1960 na área de Goiás, impactou o meio ambiente, o que ocorre também com a expansão de capitais. O Caminhos da Reportagem destaca soluções, como projetos de preservação e reflorestamento do cerrado. “O Cerrado tem 65 milhões de anos. De todos os ambientes da história recente do planeta, o cerrado é o mais antigo. Ele já atingiu seu clímax evolutivo. O que significa que, uma vez degradado, ele não se recupera nunca mais na plenitude da sua biodiversidade”, afirmou o antropólogo Altair Barbosa.
“O cerrado é um bioma dentro de vários biomas. Por exemplo: o buriti. Ele nasce nas veredas alagadas. A mangaba: nos altos de serra e no terreno arenoso. Então, o pacote tecnológico que você faz pra mangaba, não serve para o buriti. O que você faz pro buriti, não serve pra mangaba”, explicou, na ocasião, a engenheira agrônoma Elainy Pereira, que criou um bosque com espécies do Cerrado na cidade de Goiânia (GO).
Em 2015, o programa Repórter Brasil havia destacado um especial sobre crise hídrica no País, e a importância de projetos de preservação do Cerrado. Especialistas no tema explicaram qual é a relação entre o cuidado ambiental e a água que chega em nossas torneiras.
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