Em entrevista ao Além das Manchetes, ex-ministro afirmou que o Poder Judiciário se julga ungido de “pureza”
O jornalista e ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo foi alvo de ameaça de prisão pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes durante depoimento, nesta sexta-feira (23), no processo da trama golpista.
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Aldo, que foi ouvido como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, já havia criticado o comportamento do Poder Judiciário e do Ministério Público (MP) em entrevista ao Além das Manchetes, podcast do MyNews. Segundo ele, o Judiciário e o MP “se julgam ungidos da pureza e da meritocracia”, além de se apresentarem como candidatos a substituir os deuses em tempos de instabilidade política.
“Por essa razão é que, para o Supremo, prender [o ex-presidente Jair] Bolsonaro, prender [o presidente] Lula, prender ministro, prender quem quer que seja faz parte do jogo, da disputa de poder, do empoderamento dessa corporação que já veio muito empodera dessa Constituição de 1988”, afirmou Aldo.
Além disso, para o ex-ministro, há muitos anos o STF, além de legislar, interfere na escolha de ministros e delegados. Aldo foi ministro de três pastas no governo de Dilma Rousseff. Além da Defesa, comandou o Esportes e a Ciência e Tecnologia.
Durante o depoimento como testemunha de defesa, Aldo foi questionado se seria possível o então comandante da Marinha, Garnier Santos, mobilizar sozinho as tropas para apoiar o plano golpista.
Aldo respondeu que era necessário considerar o que é uma “força de expressão na língua portuguesa.
“É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomadas literalmente.”
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Insatisfeito com a ponderação, Moares questionou se o ex-ministro estava na reunião quando Garnier usou a expressão. Aldo negou. “Então, o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”, orientou Moares.
A testemunha rebateu o ministro, afirmando que não admitiria a censura. Moraes, então, alertou que Aldo poderia ser preso por desacato caso não se comportasse.
Por fim, o ex-ministro negou a possibilidade de um comandante ser capaz de mobilizar as tropas por decisão unilateral.