As histórias do bolsonarismo com a tornozeleira eletrônica Jair Bolsonaro exibe a tornozeleira eletrônica ao lado do deputado Mauricio do Vôlei (PL-MG) | Foto: Reprodução/Redes sociais

As histórias do bolsonarismo com a tornozeleira eletrônica

O jornalista Wellington Macedo, da bomba no aeroporto, e a deputada Flordelis, cassada e hoje presa, foram “pegos” por esse monitoramento

Jair Bolsonaro protagonizou na Câmara, ontem, uma cena pouco usual para um portador de uma tornozeleira eletrônica: a exibiu em público, à mostra de todos e no ângulo ideal para os fotógrafos e ainda fez da engenhoca um discurso de “perseguido político”. Só que não. O ex-presidente está usando a tornozeleira por ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), por atentado à democracia e o pelo risco de fugir do país num momento que está prestes a possivelmente ser condenado por atos golpistas.

Mas a relação da tornozeleira com os bolsonaristas não vem de hoje, e nem do 8 de janeiro. Até de algumas semanas antes, na noite da véspera de Natal de 2022. No episódio da tentativa de explodir um caminhão com combustível próximo do aeroporto de Brasília, naquele 24 de dezembro, um dos três participantes, o jornalista Welligton Macedo, foi identificado de ter se envolvido porque usava uma dessas tornozeleiras eletrônicas. Foi condenado e preso. Abaixo, o rastro deixado pela tornozeleira de Wellington naquela noite denotado pelos traços verdes.

Rastro da tornozeleira eletrônica, em verde, na noite do atentado contra o aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022

Outro fato que marca essa relação, bolsonarista-tornozeleira, se deu na Câmara. A então deputada Flordelis (PSD-RJ), hoje condenada e presa acusada de mandante da morte do marido, foi cassada em agosto de 2021. Mas, antes disso, quando seu processo ainda tramitava no Conselho de Ética, havia dificuldade em encontrá-la para ser notificada da representação. Naquela época, ela usava tornozeleira. A Câmara, então, decidiu pedir ajuda à Justiça e seguiu o rastro de sua tornozeleira e, assim, ela foi localizada em Niterói e devidamente notificada.

Desde o 8 de janeiro, as condenações pelo STF impõem o uso da tornozeleira a esses golpistas. Ontem mesmo, houve uma decisão de Alexandre de Moraes determinando a prisão de duas senhoras, com mais de 70 anos, que, condenadas, foram autorizadas a ir para a casa com a tornozeleira, e respeitar a prisão domiciliar. Não foi o que se deu. Elas foram flagradas mais de mil vezes na rua, graças ao monitoramento.

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