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Campeãs 2024: Viradouro é ganhadora no carnaval do Rio e Mocidade Alegre, de São Paulo

Nem recurso apresentado por quatro rivais impede o título da escola no Rio e com uma homenagem ao Brasil imaginado por Mário de Andrade, a escola de samba Mocidade Alegre desbancou outras 13

por Agência Brasil, Alice Rabello em 15/02/24 00:50

A escola de samba Unidos da Viradouro é a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro de 2024. No ano em que a Marquês de Sapucaí comemora o 40ª aniversário, a Viradouro teve o melhor desempenho entre as 12 escolas de samba carioca do Grupo Especial: 270 pontos. Foi o terceiro título da escola. O último havia sido em 2020.

Esse ano, havia uma tensão quanto ao resultado final, antes mesmo da divulgação das notas. No início da apuração, Jorge Perlingeiro, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), organizadora do Grupo Especial, disse que estava em análise recurso apresentado pela Grande Rio, Imperatriz, Mocidade e Beija-Flor contra a Viradouro. Elas pediram para a escola ser punida com a perda de 0,5 ponto por uma irregularidade na comissão de frente. A alegação é que o limite de 15 integrantes visíveis durante a apresentação foi ultrapassado. Mas como a Viradouro ficou 0,7 ponto à frente da segunda colocada, nem o recurso, caso seja aprovado, poderá tirar o título da escola.

Com um samba que homenageia o culto ao vodum serpente, que nasceu na Costa ocidental da África, a Viradouro foi a última escola a entrar na Sapucaí na segunda-feira (12), o segundo dia de desfiles. As outras cinco melhores colocadas foram, nessa ordem: Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio, Salgueiro, Portela e Vila Isabel. Elas se juntam à Viradouro para o Desfile das Campeãs, que acontece no Sambódromo, no próximo sábado (17). Com 264,9 pontos, a Porto da Pedra foi rebaixada e vai disputar a Série Ouro em 2025.

Disputa

Os quesitos foram julgados na seguinte ordem: Alegorias e adereços, Bateria, Evolução, Mestre-sala e porta-bandeira, Comissão de frente, Enredo, Harmonia, Samba-enredo e Fantasias. Caso fosse necessário, o critério de desempate seria Fantasias, em sorteio definido horas antes da apuração. Pela primeira vez, a apuração ocorreu na Cidade do Samba, região portuária do Rio. Até o ano passado, a contagem de votos era feita na Praça da Apoteose, na Marquês de Sapucaí. A mudança de local de apuração atendeu a um desejo do presidente da Liesa. Outra novidade esse ano, foi que a escola vencedora fez um cortejo na pista onde estão localizados os barracões.

Ao fim do primeiro quesito, Grande Rio, Vila Isabel e Viradouro largaram na frente. E mantiveram a posição, e a disputa pelo primeiro lugar, até o quarto quesito, Mestre-sala e porta-bandeira, quando a Vila Isabel perdeu alguns décimos e caiu para o quinto lugar. A Imperatriz passou a perseguir as líderes com 3 décimos a menos. No quinto quesito, Enredo, a Grande Rio perdeu 3 décimos e a Viradouro, ainda intocada, assumiu a liderança isolada pela primeira vez. A escola de Niterói descolou 5 décimos para a Grande Rio no quesito Harmonia. No penúltimo quesito, Samba-enredo, a Viradouro abriu 7 décimos de vantagem para a Imperatriz, então segunda colocada. Na terceira nota do último quesito, Fantasias, um 10 garantiu finalmente o troféu para a escola.

Samba campeão

Liderada pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, a escola de Niterói apresentou enredo com o título “Arroboboi, Dangbé”. O objetivo foi apresentar a força da mulher negra, por meio de um culto africano à cobra sagrada vodum. O samba foi escolhido em setembro do ano passado, composição de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinícius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno.

A história remonta ao século XVIII em Benin, na Costa ocidental da África, onde o culto nasce por meio durante uma batalha, das guerreiras Mino, do reino Daomé. Elas foram iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé. Também foi contado como o culto chegou ao Brasil, em terreiros na Bahia, sob a liderança da sacerdotisa daomeana Ludovina Pessoa, que espalhou a fé nos voduns pelo território.

O carnavalesco Tarcisio Zanon celebrou a vitória. Ele fez menções aos outros dois títulos da escola, conquistados em 1997 e em 2020.

“É o meu segundo título pela Viradouro, uma escola que me fez amar carnaval. Mas a primeira vez que eu vi e me apaixonei pelo carnaval foi em 1997, quando eu vi aquele carro negro do [carnavalesco] Joãozinho Trinta. Eu tinha 9 anos de idade. E hoje estar aqui é um sonho realizado. Eu estou muito feliz”.

Zanon acompanhou a apuração ao lado de diversos patuás. Ao fim da apuração, ele deu uma explicação. “São presentes que eu ganhei das lideranças Jejes. Eu guardei comigo porque fico muito feliz de poder trazer um enredo tão importante e tão necessário, para desmistificar e desdemonizar essa religião tão linda”.

Confira o trecho inicial do samba:

“Eis o poder que rasteja na terra

Luz pra vencer essa guerra, a força do vodun

Rastro que abençoa Agojiê

Reza pra renascer, toque de Adarrum

Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher”


Mocidade Alegre é a vencedora do carnaval de São Paulo de 2024 e se torna campeã pela 12ª vez

A Mocidade Alegre é a vencedora do carnaval de São Paulo de 2024, repetindo o feito do ano passado. Em segundo e terceiro lugares ficaram a Dragões da Real e a Acadêmicos do Tatuapé.

Com uma homenagem, na avenida, ao Brasil imaginado por Mário de Andrade, a escola de samba Mocidade Alegre desbancou outras 13, com uma nota de 270 pontos, e se tornou a campeã do carnaval de São Paulo, pela 12ª vez. Com 268,7 pontos, a Tom Maior e a Independente Tricolor foram as duas piores colocadas do Grupo Especial e, com isso, farão parte do Grupo de Acesso 1, conforme as regras estipuladas pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo.

Este ano, a Mocidade Alegre competia com a Camisa Verde e Branco, Barroca Zona Sul, Dragões da Real, Independente Tricolor, Acadêmicos do Tatuapé, Mancha Verde, Rosas de Ouro, Vai-Vai, Tom Maior, Mocidade Alegre, Gaviões da Fiel, Águia de Ouro, Império de Casa Verde e Acadêmicos do Tucuruvi.

A Mocidade Alegre foi fundada em 1967 e tem sua quadra no bairro do Limão, zona norte da capital paulista. Atualmente, a presidente da escola é Solange Bichara.

A escola foi a terceira a desfilar na segunda noite, no sábado (10), no Sambódromo do Anhembi.

Disputa acirrada

Os critérios analisados para fazer a média das notas que define a posição das escolas na lista de classificação são nove: evolução, comissão de frente, fantasia, enredo, samba-enredo, bateria, alegoria, mestre-sala e porta-bandeira e harmonia. Até o penúltimo quesito, a disputa permaneceu acirrada, como é de costume, por diferença de décimos. Alternaram-se no topo da lista escolas como a Mocidade Alegre, Dragões da Real e a Acadêmicos do Tatuapé.

Alguns elementos passaram, muito recentemente, a ter peso maior na avaliação, com uma mudança nas diretrizes dos jurados. Como exemplos, podem ser citadas a letra da música, que agora deve ser menos abstrata e narrar e refletir melhor o tema do enredo, e a qualidade da caixa de som das escolas.

O anúncio das pontuações dadas pelos jurados é realizado sem a presença do público. O evento fica aberto somente para representantes das escolas, a imprensa e é transmitido ao vivo pela emissora TV Globo. 

Identidade brasileira

O enredo concebido pela escola para este ano é de autoria do carnavalesco Jorge Silveira e do enredista Leonardo Antan e sugere a revisão do conceito de identidade brasileira.

“O ano de 2024 marca o centenário do início da histórica viagem que o poeta fez pelo Brasil profundo, em busca de compor a colcha de retalhos que forma a nossa identidade cultural nacional. Nosso desfile se propõe a abrir o diário de viagem do ‘Turista Aprendiz’ e percorrer com ele os passos de sua expedição. Junto com Mário, descortinar a riqueza de nossa arte, nosso território e nossa gente”, explicou Silveira.

A Mocidade Alegre é conhecida também como “Morada do Samba”. O termo foi cunhado por um integrante da escola chamado Argeu e resumiu o que o fluminense Juarez da Cruz, o idealizador da escola, planejava para ela, que era manter as portas e a receptividade para qualquer pessoa, independentemente de qualquer origem.


Polêmica na famosa Beija-Flor

A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, do Rio, recebeu patrocínio de R$ 8 milhões da prefeitura de Maceió e contou com a presença do deputado e presidente da Câmara, Arthur Lira – cujo reduto eleitoral é o estado de Alagoas. Lira desfilou pela diretoria da escola, que contou a história de Rás Gonguila, figura histórica do Carnaval da capital alagoana. O prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), também acompanhou a Beija-Flor na Sapucaí. Clique aqui e saiba mais.

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