“Empresário que reclama do Bolsa Família, contrata na semiescravidão” Rodrigo Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania, em entrevista ao MyNews, falou do Brasil fora do Mapa da Fome | Foto: MyNews RODRIGO AFONSO / AÇÃO DA CIDADANIA

“Empresário que reclama do Bolsa Família, contrata na semiescravidão”

Diretor-executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo Afonso celebra o Brasil ter saído do Mapa da Fome e saúda os programas sociais

“Se algum empresário reclama que o Bolsa Família tira trabalhador dele, esse cara contrata em regime de semiescravidão. As condições do Bolsa Família não são a condição de tranquilidade para um cidadão sobreviver. Dão a condição emergencial de sobreviver. Claro que ninguém quer viver de Bolsa Família, quer sair daquela condição”.

A declaração, forte, acima é do diretor-executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo Kiko Afonso, em entrevista ao MyNews Especial. Na esteira da alvissareira notícia de que o Brasil voltou a deixar o Mapa da Fome da ONU, de ontem, o canal foi buscar o ativista desse setor, à frente dessa entidade, criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, Betinho.

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O complemento de sua declaração é que esse programa federal oferece a primeira chance de sobreviver. Depois, os beneficiários olham a possibilidade de buscar um emprego e não ter que aceitar um subemprego.

“A gente ouve muito empresário dizer ‘não consigo mais contratar aqui para a obra’. Na verdade, o que ele não consegue é contratar as pessoas que estavam desesperadas para trabalhar e aceitavam qualquer valor. Ofereciam era subemprego”, diz Rodrigo Afonso.

O diretor da Ação da Cidadania classificou o dia ontem como “essencial”, mais uma vez o Brasil deixa o Mapa da Fome. Rodrigo lembra que, quando isso ocorreu, em 2014, a exigência era menor: para estar fora dessa lista, era preciso que o país não tivesse mais que 5% da população em situação grave de fome. Hoje, esse corte é de 2,5%, índice alcançado no triênio 2022 a 2024.

“Esse resultado mostra que a força das políticas implementadas de forma correta e a vontade política são transformadoras. Políticas que devem ser de Estado e não de um governo, ou de uma ideologia: salvar vidas e tirar as pessoas da miséria”.

Desde 2016 na entidade, Rodrigo lembra os últimos anos desse quadro da fome no país, que deixou esse mapa em 2014, no governo de Dilma Rousseff, e retornou a essa condição em 2020, na gestão de Jair Bolsonaro. Nesse intervalo, o aumento de brasileiros em situação de fome e de insegurança alimentar foi escalando: saiu de 4 milhões de pessoas, em 2014, para 9 milhões, em 2018; vai para 19 milhões antes da pandemia, em 2020; e, durante a Covid esse número estoura e o Brasil passa a conviver com 33 milhões de pessoas em subalimentação.

“Um número aterrorizante. Nos governos de Michel Temer e de Bolsonaro, o país chegou até a 125 milhões de pessoas em algum grau de insegurança alimentar, incluídas as que não sabiam o que teriam o que comer no dia seguinte com a fome total”, relata o ativista.

“Quando não há vontade política, a volta da fome é muito rápida. A maré perfeita do mal chegou naquele momento”.

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A fórmula do “sucesso”, diz Rodrigo Afonso, passa por se tratar essas políticas como investimento e não como gasto.

“As famílias ricas que recebem dinheiro, em vez de gastarem em consumo, vai aplicar. A população mais pobre, sobretudo que recebe nesses programas, investem na economia, gasta com os bens de consumo”.

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