Durante o Encontro Legado em Lisboa, o ministro do STJ, Luiz Felipe Salomão, fez um balanço contundente sobre os bastidores da operação Lava Jato e um alerta urgente sobre o poder das redes sociais.
Por Mara Luquet
de Lisboa
Na noite do dia 30 de junho, em Lisboa, um jantar com assinantes da Revista Legado reuniu o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luiz Felipe Salomão, a jornalista Mara Luquet e convidados para um debate sobre eleições, justiça e os riscos da desinformação nas redes sociais. O evento faz parte da série Encontro Legado, e marcou também o lançamento do livro Eleições Brasileiras, assinado por Salomão e publicado sob o selo MyNews Explica da Editora Almedina.
O ministro fez um relato inédito sobre o processo de apuração que liderou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a atuação da Vara Federal de Curitiba durante a Lava Jato. Sem entrar no mérito das condenações, Salomão destacou que sua missão era avaliar a conduta dos juízes e o que encontrou foi, segundo ele, um cenário de descontrole institucional.
“A primeira constatação foi que aquilo era uma bagunça generalizada. Não havia sequer um inventário dos bens apreendidos. Não existia documentação mínima das medidas tomadas. Isso é o básico para resguardar a legalidade”, afirmou.
Salomão contou que coordenou uma força-tarefa com peritos — alguns hoje na Interpol — e um delegado federal para avaliar a estrutura administrativa da vara. O relatório final foi aprovado pelo CNJ e hoje tramita nas diferentes esferas do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Federal, com desdobramentos que envolvem ações de improbidade administrativa.
“Fomos passo a passo. Não fui ver quem foi condenado ou absolvido. Fui ver se os juízes agiram dentro da legalidade. E o que vimos foi uma situação caótica.”
No segundo momento da conversa, o ministro foi provocado a falar sobre o cenário futuro: o papel das redes sociais na democracia brasileira e os dilemas da regulação.
Salomão refletiu sobre o avanço das tecnologias e o impacto da desinformação. Disse que o que mais lhe impressionou foi a velocidade do disparo em massa da desinformação pelo WhatsApp.
O Encontro Legado em Lisboa reafirma o compromisso do jornalismo independente com o debate de temas essenciais à democracia. A cada edição, buscamos reunir vozes relevantes para lançar luz sobre o passado e, principalmente, sobre o futuro.
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