Governo quer repetir tropa de choque que atuou na CPI da Covid; Planalto sabe que oposição tentará, nos primeiros requerimentos, expor Frei Chico, irmão de Lula, na comissão
O governo até que tentou barrar, mas não conseguiu. A CPI mista que irá investigar os desvios de aposentados no INSS vai sair do papel e promete ser turbulenta para o governo, por mais que tenham digitais da gestão de Jair Bolsonaro no escândalo.
Para o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), ao contrário, o governo tem qualquer receio da instalação dessa comissão e diz que o inquérito aberto e a descoberta desses desvios no INSS só ocorreram graças a atual gestão de Lula.
“Não temos receio nenhum com essa CPI e a dinâmica dela. Não temos o que temer dessa investigação. Pela razão de que a investigação só ocorre graças a esse governo, de um esquema que existe há anos, pelo menos desde 2017. As principais associações fraudulentas que roubaram dinheiro dos aposentados foram cadastradas a partir de 2019, 2020 e 2021. Quem tentou denunciar em 2019 foi ameaçado de morte e a Polícia Federal, à época, não investigou”, disse Randolfe em entrevista exclusiva a Mara Luquet, no MyNews Especial.
O principal temor do Palácio do Planalto é o desgaste envolvendo o nome de Frei Chico, irmão do presidente Lula e dirigente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi), do qual é vice-presidente. Ele não é investigado, mas sua entidade, sim. E a oposição não quer nem saber, vai tentar desgastá-lo.
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O governo, no papel, terá maioria na CPI e vai tentar repetir a tropa de choque que atuou na CPI da Pandemia, que criminalizou a ação do governo de Bolsonaro no combate à Covid-19. O senador Omar Aziz (PSD-AM) é cotado para presidir. Ele exerceu essa mesma função na comissão da pandemia, que foi relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Outro nome de destaque naquela investigação, o também senador Otto Alencar (PSD-BA) deverá compor a CPI, que deverá ser instalada após o recesso do meio do ano, o que significa um desgaste durante meses e até o final do ano para o governo.
A relatoria, já antecipou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não será ninguém do PL ou do PT. Dada a postura de enfrentamento com o Planalto, há o receio da base governista seja algum deputado com inclinação bolsonarista.
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