Ex-presidente Jair Bolsonaro é réu no processo que apura suposta trama golpista e aliados esperam prisão após julgamento no STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no processo que apura a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, está cercado de apoiadores presos ou condenados pela Justiça Brasileira. De acordo com levantamento do MyNews, pelo menos quatro ex-ministros, quatro assessores e três deputados e ex-deputados bolsonaristas já foram detidos ou condenados. Ao todo, 17 aliados do entorno do ex-presidente foram presos ou estão em via de ser, caso de Carla Zambelli, com condenação imposta pelo STF e que está foragida.
No entanto, parece que a vez de Bolsonaro pode estar cada vez mais perto, e seus aliados já veem como certa sua condenação no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista. Caso seja sentenciado à prisão, Bolsonaro será o 10º ex-presidente do Brasil a ser preso.
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada, por unanimidade, pela Primeira Turma do STF a 10 anos e 8 meses de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, com o objetivo de emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
Enquanto o recurso de sua defesa era julgado, Zambelli deixou o país pela fronteira terrestre da Argentina, onde pegou um avião em direção aos Estados Unidos (EUA). Em seguida, voo para Itália, onde se encontra atualmente.
No último sábado (7), após o recurso da deputada ser negado, Moraes determinou que ela deveria começar a comprimir a pena em regime fechado, convertendo a prisão preventiva para definitiva. Zambelli, então, foi adicionada à lista de fugitivos da Interpol e o governo brasileiro já deu entrada no pedido de extradição junto às autoridades italianas.
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e réu colaborador no processo da tentativa de golpe, já teve a prisão determinada três vezes entre 2023 e 2025. Mas, atualmente, segue em liberdade.
Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, em meio a operação que investigava a falsificação de cartões de vacina de Bolsonaro, parentes e assessores. Após quase seis meses detido, ele aceitou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e foi solto.
Em março de 2024, Cid foi preso novamente, de maneira preventiva, por descumprir medidas cautelares e obstruir a Justiça. O ex-ajudante foi detido após o vazamento de áudios em que ele afirmava ter sido pressionado pela PF durante depoimentos da delação.
Na sexta-feira (13), Moraes decretou, pela terceira vez, a prisão preventiva do tenente-coronel, mas o mandado foi revogado enquanto Cid era conduzido para o batalhão do Exército. O motivo da prisão seria a intenção do ex-ajudante de fugir do Brasil.
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O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro e candidato à Vice-Presidência em 2022, Walter Braga Netto, está preso preventivamente deste dezembro de 2024 por tentar atrapalhar as investigações policiais sobre a trama golpista. Ele é o primeiro general quatro estrelas, posto mais alto da carreira militar, a ser detido
no Brasil.
De acordo com a PF, o general coordenou militares golpistas, além de ter sido indicado como financiador do golpe. Segundo a decisão que decretou a prisão, Braga Netto também tentou obter informações sobre os depoimentos de Mauro Cid à PF.
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Os ex-deputado federal Roberto Jefferson, que protagonizou embate com a polícia em outubro de 2022 – ocasião em que atirou cerca de 50 vezes e arremessou três granadas de luz e som contra os policiais -, foi condenado pelo DTF a mais de 9 anos de prisão, em dezembro de 2024, por atentado ao exercício dos Poderes, calúnia, homofobia e incitação ao crime.
No dia 10 de maio deste ano, Jefferson deixou a prisão para cumprir pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica após autorização da Suprema Corta.
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O jornalista Oswaldo Eustáquio, apoiador de Bolsonaro, tem dois mandados de prisão em aberto no STF pelos crimes de ameaça, corrupção de menores e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PF, Eustáquio participou publicamente dos acampamentos que pediam golpe de estado após as eleições de 2022 e divulgou dados pessoas do delegado responsável por investigações sobre Bolsonaro, prática ilegal chamada de “doxxing”. Com medo de ser preso, ele teria até mesmo se refugiado no Palácio da Alvorada.
O jornalista chegou a ser preso no Brasil, mas, após ser colocado em prisão domiciliar, fugiu para a Espanha. O governo brasileiro solicitou a extradição, mas, na quinta-feira (12), a Audiência Nacional da Espanha recusou em definitivo o pedido do Brasil, não cabendo novos recursos.
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A ativista Sara Winter foi presa em junho de 2020, enquanto era líder do movimento “300 do Brasil”, que, na época, esteve acampado em Brasília em apoio ao ex-presidente.
A prisão foi autorizada pela Suprema Corte após pedido da Procuradoria-Geral da República, que investigava ações antidemocráticas. De acordo com a PGR, o grupo, de forma organizava, captava recursos financeiros para ações que de enquadravam na Lei de Segurança Nacional. Sara também era investigada no inquérito das Fake News.
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O ex-deputado federal Daniel Silveira foi preso em flagrante em fevereiro de 2021 depois de publicar um vídeo em que fez críticas aos ministros do STF e defendeu o Ato Institucional nº5 (AI-5).
A prisão foi determinada por Moraes que afirmou que a Constituição Federal de 1988 não permite a propagação de ideia que violem a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Em dezembro de 2024, Silveira foi colocado em liberdade condicional, mas acabou preso quatro dias depois por descumprir as medidas cautelares impostas. Segundo Moraes, o ex-deputado mentiu e omitiu informações sobre seu deslocamento enquanto estava em monitoramento eletrônico.
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O general Mario Fernandes, e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra e Rafael Martins de Oliveira, iniciados pela PF no inquérito do golpe, foram presos em novembro de 2024. De acordo com as investigações, eles são suspeitos de participar do plano da tentativa de golpe apelidado de “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra e Rafael Martins de Oliveira também faziam parte do grupo dos “kid pretos”, militares da ativa ou da reserva do Exército, também chamados de “Forças Especiais”, especialistas em operações especiais.
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O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso em junho de 2022, junto com outros dois pastores, por suspeita de operarem um “balcão de negócios” no Ministério da Educação (MEC) para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Segundo o juiz da 15ª Vara Federal que assinou o mandado de prisão, Ribeiro estaria envolvido nos crimes de corrupção passivas, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico e influência.
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O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi preso em janeiro de 2023, por determinação de Moraes, em meio às investigações sobre a trama golpista, pela qual Torres se tornou réu no STF.
Quatro meses após ser preso, o ex-ministro foi colocado em liberdade condicionada ao cumprimento de uma série de medidas cautelares e ao monitoramento por tornozeleira eletrônica.
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O ex-ministro do Turismo Gilson Machado, foi detido em Recife, na sexta-feira (13), sob suspeita de tentar ajudar Mauro Cid a fugir do país por meio da obtenção de um passaporte português.
No entanto, a prisão preventiva de Machado foi revogada por Moraes no mesmo dia. O ministro do STF entendeu que a prisão não era mais necessária e poderia ser substituída por medidas cautelares.
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O ex-assessor de Assuntos Internacionais de Bolsonaro teve a prisão decretada em fevereiro de 2024, quando a PF deflagrou as investigações sobre a tentativa de golpe em 2022. Em agosto do mesmo ano, Moraes revogou a prisão preventiva.
Durante a fase de interrogatórios dos réus do núcleo 1 da trama golpista, Filipe Martins foi apontado como responsável por entregar a Bolsonaro a primeira versão do decreto golpista que instituiria o estado de sítio no pais e ordenaria a prisão de ministros da Suprema Corte e de autoridades do Poder Legislativo.
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Marcelo Câmara, coronel e ex-assessor de Bolsonaro, foi preso em fevereiro de 2024 também durante as investigações sobre a tentativa de golpe em 2022. Segundo as investigações, ele coletava informações que “pudessem auxiliar a tomada de decisões do então Presidente da República, Jair Bolsonaro, na consumação do golpe de Estado”.
Câmara também é suspeito de participar do “monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e de possíveis outros autoridades da República”.
O ex-assessor teve a liberdade decretada em maio do ano passado e deverá cumprir uma série de medidas cautelares e utilizar tornozeleira eletrônica.
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O ex-assessor de Flávio Bolsonaro e amigo pessoal de Jair Bolsonaro foi preso em junho de 2020 por envolvimento em um esquema de desvio de salário de servidores de Flávio Bolsonaro, prática ilegal conhecida como “rachadinha”. No momento da prisão, Queiroz estava em um imóvel do advogado Frederick Wassef, que já representou a família Bolsonaro em diversas ocasiões.
Em março de 2021, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu o relaxamento da prisão domiciliar.
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