Segundo Wilson Roseghini, fenômeno é consequência das mudanças climáticas, em especial das altas temperaturas da superfície do mar no Hemisfério Norte
por Sofia Pilagallo em 10/10/24 10:55
Furacão Milton visto da Estação Espacial Internacional | Foto: NASA - 08.10.2024
Meteorologistas nunca observaram um fortalecimento tão rápido e tão explosivo de um furacão como no caso do Milton, que passou pelo estado da Flórida, nos Estados Unidos, na noite de quarta-feira (9). Foi o que afirmou ao MyNews o climatologista Wilson Roseghini, professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, esse rápido fortalecimento não está relacionado apenas à velocidade dos ventos, mas também à pressão atmosférica do núcleo do furacão.
“Quanto mais baixa é a pressão atmosférica, mais intenso é um furacão. Para se ter uma ideia, os ciclones que têm uma queda da pressão atmosférica de 24 hectopascais [unidade de pressão atmosférica] em 24 horas — o equivalente a um hectopascal por hora — são tão intensos que recebem o nome de ‘ciclone bomba'”, explicou Roseghini.
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“No caso do Milton, ele teve uma queda de 55 hectopascais em 10 horas. É algo que os meteorologistas, até mesmo os mais experientes, dizem que é surpreendente. Nunca se viu na história um fortalecimento tão rápido e tão explosivo”, acrescentou.
Segundo Roseghini, a alta intensidade do furacão Milton é provavelmente consequência das mudanças climáticas, em especial das altas temperaturas da superfície do mar no Hemisfério Norte. Na região do Caribe, as águas estão com temperatura de mais de 2 graus acima da média.
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Temperaturas oceânicas acima de 26º C se tornam um ambiente ideal para a formação e o fortalecimento de furacões, que se alimentam de calor e umidade. No Caribe, a temperatura das águas já chega à casa dos 30º C. Como os oceanos nessa região estão muito quentes, eles evaporam e alimentam esses furacões, fazendo com que fiquem mais intensos. Os resultados podem ser catastróficos, principalmente pelas inundações.
De acordo com a imprensa americana, o furacão Milton tocou o solo na Flórida por volta das 21h30 de quarta-feira, pelo horário de Brasília, com ventos estimados em 205 km/h. O governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que cerca de 125 casas — muitas delas pré-fabricadas — foram destruídas. Mais de duas milhões de casas e empresas estão sem energia, e “várias mortes” foram relatadas na costa do Atlântico. Até a última atualização deste texto, ao menos 10 mortes haviam sido confirmadas, sendo cinco no condado de St. Lucie, três no condado de Volusia e duas na cidade de São Petesburgo.
Milton chegou a ser um furacão de categoria 5 na escala Saffir-Simpson (a mais grave) e depois foi rebaixado para categoria 1, mas ainda está causando estragos. O fenômeno atinge a Flórida duas semanas depois que o furacão Helene matou pelo menos 225 pessoas no estado e também na Geórgia, Carolina do Sul, Tennessee, Virgínia e Carolina do Norte.
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