‘Nunca se viu um fortalecimento tão rápido’, diz climatologista sobre furacão Milton 'SURPREENDENTE'

‘Nunca se viu um fortalecimento tão rápido’, diz climatologista sobre furacão Milton


Meteorologistas nunca observaram um fortalecimento tão rápido e tão explosivo de um furacão como no caso do Milton, que passou pelo estado da Flórida, nos Estados Unidos, na noite de quarta-feira (9). Foi o que afirmou ao MyNews o climatologista Wilson Roseghini, professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, esse rápido fortalecimento não está relacionado apenas à velocidade dos ventos, mas também à pressão atmosférica do núcleo do furacão.

“Quanto mais baixa é a pressão atmosférica, mais intenso é um furacão. Para se ter uma ideia, os ciclones que têm uma queda da pressão atmosférica de 24 hectopascais [unidade de pressão atmosférica] em 24 horas — o equivalente a um hectopascal por hora — são tão intensos que recebem o nome de ‘ciclone bomba'”, explicou Roseghini.

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“No caso do Milton, ele teve uma queda de 55 hectopascais em 10 horas. É algo que os meteorologistas, até mesmo os mais experientes, dizem que é surpreendente. Nunca se viu na história um fortalecimento tão rápido e tão explosivo”, acrescentou.

Segundo Roseghini, a alta intensidade do furacão Milton é provavelmente consequência das mudanças climáticas, em especial das altas temperaturas da superfície do mar no Hemisfério Norte. Na região do Caribe, as águas estão com temperatura de mais de 2 graus acima da média.

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Temperaturas oceânicas acima de 26º C se tornam um ambiente ideal para a formação e o fortalecimento de furacões, que se alimentam de calor e umidade. No Caribe, a temperatura das águas já chega à casa dos 30º C. Como os oceanos nessa região estão muito quentes, eles evaporam e alimentam esses furacões, fazendo com que fiquem mais intensos. Os resultados podem ser catastróficos, principalmente pelas inundações.

De acordo com a imprensa americana, o furacão Milton tocou o solo na Flórida por volta das 21h30 de quarta-feira, pelo horário de Brasília, com ventos estimados em 205 km/h. O governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que cerca de 125 casas — muitas delas pré-fabricadas — foram destruídas. Mais de duas milhões de casas e empresas estão sem energia, e “várias mortes” foram relatadas na costa do Atlântico. Até a última atualização deste texto, ao menos 10 mortes haviam sido confirmadas, sendo cinco no condado de St. Lucie, três no condado de Volusia e duas na cidade de São Petesburgo.

Milton chegou a ser um furacão de categoria 5 na escala Saffir-Simpson (a mais grave) e depois foi rebaixado para categoria 1, mas ainda está causando estragos. O fenômeno atinge a Flórida duas semanas depois que o furacão Helene matou pelo menos 225 pessoas no estado e também na Geórgia, Carolina do Sul, Tennessee, Virgínia e Carolina do Norte.

Assista à entrevista com o climatologista Wilson Roseghini:

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