“O ministro Lupi não atuou de acordo com a gravidade do assunto” Tônia Galleti, dirigente sindical do Sindnapi, foi conselheira do CNPS e alertou Lupi sobre desvios de aposentados, em 2023 | Foto: Divulgação TÔNIA GALLETI / DIRIGENTE SINDICAL

“O ministro Lupi não atuou de acordo com a gravidade do assunto”

Ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social, Galleti informou diretamente ao ministro o que vinha ocorrendo, no início de 2023. “Se ele tivesse tomado as providências lá atrás, não estaríamos vivendo o que vivemos hoje”

Presente no noticiário desde a revelação do escândalo de desvio de recurso de aposentados no INSS, a dirigente sindical Tônia Galleti, que integrou o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) alertou diretamente ao ministro Carlos Lupi desses problemas no desconto da folha de pagamento desses beneficiários. Em entrevista ao Canal MyNews, Galleti afirmou que se as medidas tivessem sido tomadas naquela reunião, no início de 2023, não se chegaria a essa situação.

Ministro não atuou da forma que o assunto merecia

“Ele (Lupi) não atuou de acordo com a gravidade do assunto. Quando a gente tem conhecimento que envolve fraude contra os aposentados, já é gravíssimo… De maneira que se ele tivesse tomado as providências lá atrás, não estaríamos vivendo o que vivemos hoje”, declarou.

Tônia Galleti é Coordenadora do Departamento Jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi), do qual Frei Chico, irmão do presidente Lula, é vice-presidente. A dirigente compara a denúncia de desvio de recursos de aposentados ao PowerPoint do ex-procurador Deltan Dallagnol, contra Lula, durante a Lava-Jato.

“Um PowerPoint que vem sem provas , com dados errados, acusando todo mundo de bandido”.

Nesta semana, Lupi esteve na Câmara, reconheceu que tinha conhecimento do desvio e afirmou que agiu a tempoo. O ministro defendeu o fim do desconto em folha de contribuições dos beneficiários do INSS destinados para os sindicatos.

Abaixo, a íntegra da entrevista de Galleti ao MyNews.

P: A sra., como integrante do CNPS, alertou pessoalmente o ministro Carlos Lupi sobre os descontos indevidos, ainda em janeiro de 2023. O que ele respondeu à sra? Qual foi a reação dele? Prometeu investigar?

R: O ministro foi solícito e receptivo em todas as reuniões, dizendo que investigará, pedindo providências à sua equipe.

P: Alguns meses depois, em junho de 2023, a sra. formalizou um pedido ao Ministério da Previdência para incluir o assunto na reunião do CNPS. Isso foi atendido? Que resposta deram? O ministro Lupi informou que reconheceu a gravidade, na época, mas que o caso exigia apuração, mas não pautou o tema no conselho. Foi isso mesmo que ocorreu? A sra. entende que o ministro atuou de acordo com a gravidade do caso?

R: Como é possível verificar na ata, foi feito o pedido para o assunto ser debatido na reunião do CNPS. Mas ele foi negado porque a pauta já estava pronta. Não incluíram naquele dia. Por conta da negativa, solicitei que constasse em ata meu pedido, quando também fiz vários pedidos para que fosse informado a quantidade de ACTs (Acordo Coletivo de Trabalho), os valores, a curva de crescimento, entre outras. O ministro disse que era relevante o que eu estava falando, que era importante, mas que exigia apuração e que então, entraria na próxima pauta. E não entrou em nenhuma outra pauta do CNPS. Entendo que ele não atuou de acordo com a gravidade do assunto. Quando agente tem conhecimento que envolve fraude contra os aposentados, já é gravíssimo. E com a apuração verifica-se, inclusive, a participação de funcionários públicos, o que é mais grave ainda. De maneira que se ele tivesse tomado as providências lá atrás, não estaríamos vivendo o que vivemos hoje.

P: Em entrevista, a sra. classificou essa denúncia do INSS ao PowerPoint do ex-procurador Deltan Dallagnol. Por que essa comparação?

R: Por óbvio. Um PowerPoint que vem sem provas , com dados errados, acusando todo mundo de bandido. Se há fundamento para toda essa investigação, deveria ter sido melhor formulado. E deveria ser aberto os procedimentos, chamando os responsáveis para averiguação, para conhecimento do que estava acontecendo antes de uma divulgação nacional. Por exemplo, colocando o ACT do sindicato existente desde 2014. Não é verdade. Temos o ACT desde 2003. São incongruências que fazem questionar a clareza das informações. Você nunca deve chamar as pessoas de bandidos, de fraudadoras sem que tenha aberto o devido processo legal e sem que se tenha dado a elas a oportunidade de defesa. Nós ainda vivemos no estado democrático de direito. Foi nesse sentido que usei esse comparativo. Não sou eu quem vai dizer quais são as entidades inidôneas.

P: A sra. já disse que considerou as medidas adotadas na época insuficientes. Se fossem tomadas medidas que julga, ou julgava, pertinentes, não teríamos hoje esse quadro?

R: Sem dúvida.

P: A sra. faz uma defesa do Sindinapi, uma entidade com 25 anos de serviços prestados, e que está misturada nesse caso com outras, essas sim, inidôneas. Que outras entidades são essas e como funcionam?

R: As investigações vão dizer o que está acontecendo nessas entidades. O que tenho é plena convicção empírica da idoneidade do Sindnapi. E do trabalho que tem sido feito e entregue não só para os associados, mas a categoria especial de aposentados e idosos no País.

P: No caso do Sindnapi, surgiu o nome do irmão do presidente Lula, Frei Chico. A sra. acha que há uma exploração do nome dele pela relação de parentesco com Lula?

R: Isso está acontecendo por má fé, pois o sindicato veio muito antes do Frei Chico. E o Frei Chico quando veio há muito tempo para o sindicato ele só somou valor. Em momento nenhum fomos beneficiados por ele ser irmão do presidente Lula.

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