Mesmo após envolvimentos com a Lava Jato, os empresários cresceram financeiramente e continuam mantendo relacionamento com políticos
por Ester Cauany em 10/07/24 18:25
Joesley Batista | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Os empresários Joesley e Wesley Batista são os rostos do conglomerado de empresas J&F, conhecido principalmente pela produção e distribuição de carnes país afora. Relembre algumas polêmicas recentes que envolveram os irmãos.
Ao contrário de empresários implicados na Lava Jato e seus desdobramentos, cujos patrimônios diminuíram, esses dois continuam ricos, mantendo relações com políticos e líderes do governo Lula.
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Em 2017, Joesley Batista gravou uma conversa comprometedora com o ex-presidente Michel Temer (MDB) em uma visita ao Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República.
No áudio, Joesley sugere que o ex-presidente deu aval para compra de silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ), a fim de evitar que ele fechasse um acordo de delação premiada sobre informações da operação Lava Jato.
Na época, o empresário decidiu se afastar da J&F, para que o escândalo não contaminasse os negócios. Na edição do Fórum Jurídico deste ano, evento promovido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ambos os irmãos assistiram a palestra de Temer sobre democracia.
Pouco antes do recesso judiciário de 2023, o ministro do STF Dias Toffoli decidiu suspender o pagamento de uma multa de R$ 10,3 bilhões, aplicada à J&F, em um acordo de leniência, uma espécie de delação premiada para pessoas jurídicas, que prevê punições menores a companhias que confessam participação em atos ilícitos contra a administração pública.
Em março deste ano, no jantar de aniversário da CNN Brasil, com outros empresários e políticos, os irmãos se reuniram com o ministro que meses antes julgou um caso importante para a reputação da empresa.
Na decisão, Toffoli compreendeu que havia dúvidas sobre a “voluntariedade” dos Batista para selar o acordo com o Ministério Público, concedendo ao grupo empresarial dos irmãos, acesso aos dados da Operação Spoofing, que investiga mensagens hackeadas dos integrantes da Lava Jato, episódio que ficou conhecido como Vaza Jato.
O Ministério de Minas e Energia fechou um acordo com a empresa Âmbar Energia, que pertence ao conglomerado dos irmãos Batista. A decisão acontece sob o contrato realizado entre o Estado e a empresa em 2021, em um cenário de risco de uma possível crise elétrica no país. Na época, o contrato acertava a construção de quatro usinas termelétricas para geração de energia.
As usinas não foram entregues e o contrato deveria ter sido suspenso. A empresa, porém, conseguiu manter o acordo e pode faturar 9,4 bilhões de reais, na negociação promovida pelo governo Lula com apoio do Tribunal de Contas da União (TCU), é o que apurou o jornalista Breno Pires, da revista Piauí.
Segundo a reportagem, o despacho foi assinado pelo ministro da pasta, Alexandre Silveira (PSD), em abril, e foi mantido sob sigilo. A companhia será multada pelo descumprimento apenas em 1,1 bilhão de reais.
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