Análise da Ativaweb revela que termos como “traição”, “tarifa Brasil”, “agro”, “Trump traidor” e “soberania” dominaram as menções
Desde o início da declaração de guerra comercial contra o Brasil e ataque ao Judiciário, Donald Trump acumula um cenário bastante negativo e desfavorável no país, além da família de Jair Bolsonaro. Numa análise de quase 10 milhões de menções públicas (9.567.711), 77% das citações são negativas ao presidente norte-americano.
Esses dados são parte de estudo da Ativaweb, empresa de monitoramento de redes sociais, exclusivo para o Canal MyNews. A análise foi concluída neste sábado, às 18h, e os dados seguem em movimento, com as críticas crescendo a cada nova publicação e desdobramento. Do total, 20% foram favoráveis e 3% neutras ou informativas. A análise foi realizada com base em coleta automatizada nas plataformas X, Facebook e Instagram, utilizando algoritmos proprietários que classificam o sentimento das postagens com base em intensidade, contexto linguístico e correlações temáticas.
Termos como “traição”, “tarifa Brasil”, “agro”, “Trump traidor” e “soberania” dominaram as menções, conectando o episódio a debates sobre proteção nacional e resistência ao intervencionismo. A análise mapeou as reações por estados e cidades, com destaque para São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Segundo Alek Maracajá, CEO da Ativaweb, o episódio também expôs um problema que já vinha crescendo: a crise de identidade da direita brasileira. Desde a saída de Bolsonaro da Presidência, o movimento perdeu seu maestro.
“E isso ficou evidente nas eleições, com disputas descoordenadas e falta de comando claro. A base, antes unida sob uma só liderança, se fragmentou”.
Nesse período, segue Alek, o governo Lula soube se reposicionar.
“Com tom institucional e discurso firme sobre soberania, o Planalto mudou o foco da crise interna para uma resposta à provocação externa. Mesmo com críticas internas, Lula soube aproveitar a oportunidade e se apresentou como defensor do Brasil diante de uma ameaça estrangeira”.
Na sua análise, o publicitário e especialista em dados digitais diz que o mais importante desta semana foi que a ação de Trump não teve boa repercussão entre os brasileiros.
“A imagem de Bolsonaro, fortemente ligada à de Trump, saiu desgastada. E Lula, com equilíbrio e postura firme, conseguiu ocupar o centro da narrativa e se posicionar como liderança confiável no cenário global”, diz.
Com mais de 181 milhões de brasileiros conectados à internet, qualquer gesto simbólico vindo de fora rapidamente se transforma em crise ou oportunidade. Foi o que aconteceu com essa carta pública do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa de Jair Bolsonaro e com ameaças tarifárias contra o Brasil.
“O movimento, direto e provocador, seguiu seu estilo característico: Trump alimenta os seguidores, provoca caos e mantém a atenção global. Mas dessa vez, a reação foi diferente”.
Alek afirma que o conteúdo gerou uma onda de críticas, inclusive dentro da própria base conservadora brasileira. Estados como Mato Grosso, Goiás, Paraná e o Sul, historicamente simpáticos a Trump, passaram a questionar publicamente sua postura.
“Muitos perfis bolsonaristas classificaram a fala como traição e oportunismo. Diante da pressão, o presidente norte-americano fechou comentários e limitou postagens em suas redes. Um gesto incomum, que escancarou a força da opinião pública digital brasileira”.