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Análise: Direita quer ‘sangrar’ eventual quarto mandato de Lula para acabar com o lulismo

Para cientista político, 2030 será marcado por brigas internas para decidir quem sucederá o petista na presidência, o que vai desgastar o campo progressista

por Sofia Pilagallo em 29/10/24 14:56

Presidente Lula (PT) faz discurso após assinar obras para conter enchentes em Araraquara (SP) | Foto: Ricardo Stuckert via Twitter

A direita e a extrema-direita querem “sangrar” um eventual quarto mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acabar de vez com o lulismo. Essa é análise do cientista político Rudá Ricci, presidente do Instituto Cultiva, que participou do Segunda Chamada de segunda-feira (28). Para ele, o ano de 2030 será marcado por brigas internas para decidir quem sucederá Lula na presidência, o que vai desgastar o já fragilizado campo progressista.

“O novo mandato será um desastre, e é aí que a direita e a extrema-direita vão avançar. Vão sangrar o quarto governo do Lula”, afirmou Ricci. “Vai ter uma briga interna para saber quem é o sucessor, e alguns dirigentes da direita e da extrema-direita dizem que vai ser a hora deles de acabar com o ciclo lulista.”

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Na avaliação do cientista político, o resultado das eleições municipais de 2024 indicam um certo retorno da República Velha, o que evidencia a fragilidade do governo federal. O período, que foi de 1889 a 1930, ficou caracterizado por fenômenos políticos como o coronelismo, que funcionava por meio de tráfico de influência e corrupção.

À época, latifundiários e oligarcas lideravam campanhas e fraudes eleitorais. Em troca do voto de cabresto, ofereciam algum tipo de recompensa. Nestas eleições, o coronelismo renasceu de outra forma. Partidos do chamado “centrão” distribuíram, ao todo, mais de R$ 6,2 bilhões do orçamento secreto para reeleger pelo menos 140 parlamentares.

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“O desenho que se tem das eleições 2024 indica um certo retorno da República Velha, do ‘toma lá, dá cá’, dos feudos regionais, dos deputados vinculados a prefeitos abastecidos por emendas parlamentares. Ou governadores”, disse Ricci.

“Quando se tem esse tipo de fragmentação territorial de lideranças com seus currais eleitorais, é porque o governo central é muito frágil. Com exceção do próprio Lula, o governo é fraco demais”, acrescentou, ressaltando que os setores mais progressistas do governo estão “ameçados” em razão dos últimos escândalos.

Em setembro, o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi exonerado do cargo após ter sido acusado de assédio sexual por dezenas de mulheres, entre elas a ministra Anielle Franco, que comanda a pasta da Igualdade Racial. No mês seguinte, outras denúncias vieram à tona dentro do Ministério das Mulheres, chefiada por Cida Gonçalves. Funcionárias e ex-funcionárias relataram situações de assédio moral e racismo no órgão. As acusações citam Cida e a secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guarezi.

Veja os bastidores de Lula após derrota nas urnas e como isso pode mudar lideranças da esquerda:

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