Em agosto de 2024, área queimada no Brasil cresceu 149% em relação ao mesmo período do ano passado e atingiu o equivalente ao estado da Paraíba inteiro
por Sofia Pilagallo em 13/09/24 17:35
Vegetação pega fogo no cerrado brasileiro | Foto: Wikipédia
A negligência do poder público com relação às queimadas deixa os brasileiros desamparados. Essa foi a crítica que fez o jornalista Marcelo Madureira durante o programa Não é bem assim, exibido pelo Canal MyNews, do qual participam também a jornalista Dora Kramer, o político Márcio Fortes e o empresário Pedro Paulo Magalhães.
O problema não é exclusivo deste governo, uma vez que as queimadas atingem o Brasil há décadas. O número de focos de incêndio registrados no país ao longo de 2024 (109.943) é o maior desde 2010, quando foram 127.145 casos no mesmo período. De lá para cá, o país já passou pela administração de quatro presidentes: Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMBD), Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Segundo dados de quinta-feira (12) do Monitor do Fogo, levantamento realizado mensalmente pelo MapBiomas, em agosto de 2024, a área queimada no Brasil cresceu 149% em relação ao mesmo período do ano passado e atingiu 11,39 milhões de hectares de hectares, o equivalente ao estado da Paraíba inteiro. Desse total, 5,65 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo apenas no mês de agosto, o que equivale a 49% do total deste ano.
“O Brasil está pegando fogo e os nossos deputados tratam do assunto como se [o problema] fosse no Afeganistão”, disse o jornalista Marcelo Madureira. “Estão preocupados com as verbas que virão ou não, com as eleições. Isso só deixa os brasileiros mais órfãos e desamparados. Meu sentimento é que vivemos em um país sem direção, sem governo, que as instituições dão as costas para a sociedade.”
O político Márcio Fortes, ministro interino da Fazenda no fim da década de 1970, endossa a opinião de Madureira. Para ele, as eleições têm tomado cerca de 90% do tempo dos políticos nos últimos tempos, enquanto a questão das queimadas, que é urgente, tem ficado em segundo plano. Ele observa que, oportunamente, a questão ambiental é uma pauta que pode “pegar bem” e, por isso, deve começar a ser usada por políticos para obter destaque.
Fortes ressalta que as queimadas representam uma pequena parte de um problema maior. A grave seca que o país enfrenta há meses já afetou ao menos 12 grandes rios, segundo um levantamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Na lista de maior redução no volume de águas estão os rios Manso, Paranaíba e Jequitinhonha, em Minas Gerais; Tocantins, entre os estados de Tocantins e Maranhão; e Paraná, no trecho entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A seca e as queimadas também aumentaram o preço de alimentos básicos, como açúcar, feijão e carne, e a expectativa é de a situação se agrave a partir deste mês. De acordo com a última estimativa divulgada pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), só no estado de São Paulo, cerca de 80 mil hectares em áreas de cana-de-açúcar e de rebrota de cana já foram queimados.
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