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Opinião

'KIDS PRETOS'

Bolsonarismo não aceita o fim do período autoritário, diz especialista em extrema direita

Movimento foi pauta do 'Segunda Chamada' após a divulgação de um plano efetuado por militares e policial federal que pretendia executar Lula, Alckmin e Moraes

por Sofia Pilagallo em 20/11/24 08:03

Antropóloga Isabela Kalil participa do Segunda Chamada de terça-feira (19) | Foto: Reprodução YouTube/MyNews

Como todos os fenômenos políticos, o bolsonarismo é complexo, e não pode ser plenamente definido em algumas poucas palavras. Apesar disso, a antropóloga Isabela Kalil, pesquisadora do Observatório da Extrema Direita, se arriscou a fazer isso. Durante participação no Segunda Chamada desta terça-feira (19), ela afirmou que, se pudesse definir o bolsonarismo de forma concisa, diria que se trata de um movimento que não aceita a Constituição Federal de 1988, estabelecida depois do fim da ditadura militar (1964-1985).

“Se eu pudesse dar uma definição básica [do bolsonarismo], eu diria que é um fenômeno que não aceita a Constituição de 1988. Do ponto de vista ideológico, é um movimento que não se conforma com o fim do período autoritário e com o modo que a democracia brasileira se reestruturou. Isso inclui diversos aspectos, como questões da Constituição de maneira mais ampla, questões de direitos, a organização entre os três poderes e o lugar das Forças Armadas [na sociedade]”, disse Isabela.

Leia mais: Polícia Federal prende militares suspeitos de planejar matar Lula e Alckmin

A declaração de Isabela veio em meio à discussão sobre uma notícia que tomou o noticiário nesta terça-feira. A Polícia Federal (PF) efetuou a prisão de cinco pessoas envolvidas em um plano, elaborado em 2022, que tinha objetivo os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com exceção de um dos acusados, que é da Polícia Federal, os demais são militares integrantes dos chamados “kids pretos”, considerados a “elite do Exército”.

Segundo relatório da Polícia Federal (PF), o general da reserva Mário Fernandes, considerado o idealizador do plano pela PF, afirmou, em conversa com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou ações até 31 de dezembro de 2022, último dia de seu mandato. O general ainda teria pressionado por maior agilidade: “Eu disse, pô, presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades.”

Em um diálogo interceptado pela investigação, datado de 8 de dezembro de 2022, Fernandes relata uma conversa com Bolsonaro ao Mauro Cid: “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo”, disse o general, referindo-se à diplomação de Lula. De acordo com a PF, Fernandes teria pedido a Cid que intercedesse junto a Bolsonaro para proteger manifestantes de eventuais ações judiciais.

Saiba o que é o ‘kids pretos’, que teve integrantes presos pela PF acusados de planejar matar Lula:

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