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Lula criou armadilhas para si mesmo em relação a Maduro, diz ex-embaixador

Governo não tem o apoio da Colômbia para ratificar o resultado da eleição e também não dialoga com a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado

por Camilla Lucena* em 08/08/24 19:06

Maduro tenta contato com Lula, mas governo brasileiro quer falar de novo com México e Colômbia primeiro | Foto: Reprodução/MyNews

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criaram uma armadilha para o próprio governo em relação à Venezuela, afirmou ao Segunda Chamada de quarta-feira (7) o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador e presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice). O governo brasileiro não tem o apoio da Colômbia para ratificar o resultado da apuração das atas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e também não dialoga com a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado.

Após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter dado a vitória ao presidente Nicolás Maduro, com quase 52% dos votos, Lula disse em entrevista que o processo de votação havia ocorrido normalmente, sem “nada de grave ou assustador”. Mas, diante da comoção internacional, o Brasil, em conjunto com México e Colômbia, passou a exigir que o governo venezuelano apresentasse as atas eleitorais para apuração.

A equipe de Maduro pediu, ainda na semana passada, que fosse feito um telefonema com Lula para discutir o apoio à reeleição de Maduro, mas o Brasil disse que quer uma nova reunião com México e Colômbia antes de falar com a Venezuela. De acordo com Rubens Barbosa, o governo brasileiro tomou essa atitude pela discordância existente entre os chefes de Estado.

“A posição do Brasil e do México é diferente da posição da Colômbia”, afirmou. Enquanto Lula insiste numa apuração das atas pelo CNE, a Colômbia quer uma investigação internacional. “Então, essa conversa [com o Maduro] não sai porque não há entendimento entre os três países.”

Essa falta de apoio também limita a atuação do Brasil como líder da região. “Agora ele está esperando os outros resolverem”, disse o presidente do Irice. Para ele, ao deixar de dialogar não só com Maduro, mas também com a oposição, o país cai em mais arapucas. “O diálogo do Brasil com a Venezuela não adianta porque o Brasil não quer falar [com todos os lados].”

Veja a análise completa:

*Sob supervisão de Sofia Pilagallo

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