Presidente Bolsonaro tem ameaçado e até fala em ultimato. Para cientista político, se não for ultimato, se torna desmoralização
por Hermínio Bernardo em 05/09/21 10:03
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) continua inflando a população para participar de atos a favor dele neste feriado de 7 de setembro. Sem citar nomes, o presidente tem falado que há “um ou dois jogando fora das quatro linhas da Constituição”.
Os alvos frequentes dos ataques de Bolsonaro são os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes (relator do inquérito que investiga atos antidemocráticos e do inquérito das Fake News) e Luis Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
“Eu não vejo nenhuma possibilidade dos ministros saírem do Supremo a não ser que a gente tenha realmente uma ruptura constitucional ocorrendo. Eu acho que, na verdade, ele não tem força institucional para isso”, afirma Cláudio Couto, cientista político da Fundação Getúlio Vargas.
Neste sábado, Bolsonaro voltou a citar o risco de uma ruptura.
“Ruptura essa que eu não quero, nem defendo. Tenho certeza, nem o povo brasileiro assim o quer, mas a responsabilidade cabe a cada Poder e eu apelo a esse outro Poder que reveja a ação dessa pessoa que está prejudicando o destino do Brasil”, declarou Bolsonaro.
Couto avalia os cenários a partir da adesão dos protestos e questiona o ultimato feito pelo presidente.
“Vai ter muita gente. A questão é: e o dia seguinte? Pelo que entendi ele está dando um ultimato aos ministros no dia 7 de Setembro. Bem, o ultimato é o último aviso se não for acatado. O que vem depois? Se não for de fato um ultimato acaba sendo uma desmoralização.O que pode vir é uma ação violenta de fato, se é que já não vamos ver atos violentos na manifestação uma vez que vamos ver uma participação muito grande de policiais”, avalia Couto.
Bolsonaro conta com apoio de parte de membros das Forças Armadas e da Polícia Militar. Na última quarta-feira (1º), em um evento em homenagem a atletas militares, disse que “ se você quer paz, prepare-se para a guerra”. Bolsonaro citou as Forças Armadas como um Poder moderador. Já neste sábado afirmou que o povo seria este Poder.
Para o cientista político da FGV, Bolsonaro se posiciona como autocrata.
“Com a ideia do poder moderador, nada mais é que ele sendo o poder moderador dele mesmo. E que até, de alguma maneira, encontra correspondência no poder moderador das Forças Armadas que foi levantada até uns dias atrás por integrantes do governo. A gente sabe que o Presidente da República nomeia e demite os comandantes das Forças Armadas. Ele faz questão de se intitular e enfatizar que é o Chefe Supremo das Forças Armadas. Se ele é o Chefe Supremo das Forças Armadas e as Forças Armadas é um poder moderador, que ele muda, na verdade o poder moderador é ele. Consequentemente, ele diz que o poder moderador é o povo e o povo é dele, representado em seus apoiadores como sendo o povo inteiro, então, novamente cai sobre ele a figura de quem modera. Na verdade estamos vendo o Bolsonaro se posicionar como um autocrata, como aquele que está acima de todos os demais.”, explicou.
Para Cláudio Couto, todo o enredo foi fomentado para que a data possa se tornar um momento pontual no contexto político atual do presidente.
“Eu acho que o Bolsonaro vem percebendo que a eleição dele é inviável, como as pesquisas têm demonstrado. Entendo que o caminho que ele encontrou, não é uma surpresa se tratando de Bolsonaro, é apostar numa ruptura institucional. Para mim, Bolsonaro está armando uma armadilha para que haja esse tipo de confronto. Eles estão buscando esse tipo de confronto para justificar depois ações de força. As polícias sistematicamente vem demonstrado mais simpáticas a manifestações da direita do que na esquerda”, afirmou
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