Cientista político Carlos Pereira analisa que decisão de Bolsonaro demorou para acontecer e deixa governo sem poder de barganha junto ao bloco político
por Juliana Cavalcanti em 27/07/21 22:29
O senador Ciro Nogueira (PP/PI) confirmou hoje através de sua conta no Twitter que aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir o comando da Casa Civil do governo. A partir de agora, o senador passa a fazer a articulação com as casas legislativas e também com o poder Judiciário – levando o bloco de partidos chamado de “centrão” mais solidamente para a base de apoio do governo Bolsonaro. Entre as missões do novo ministro está articular a base no Senado para atuar na CPI da Pandemia – que retoma os trabalhos no próximo dia 3 de agosto. O centrão também terá poder de definir os rumos do “orçamento secreto” da Câmara dos Deputados.
Em entrevista ao Jornal do MyNews desta terça (27), o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carlos Pereira avaliou como acertada a decisão de Bolsonaro de convidar o presidente do PP para a Casa Civil, mas ponderou que a iniciativa demorou para acontecer e deixou o governo sem poder de barganha com os parlamentares do centrão para negociar esse apoio.
“Por um lado, eu achei a decisão do presidente Bolsonaro acertada, porque cristaliza, constrói mais laços com os partidos que fazem parte do centrão. O presidencialismo de coalizão precisa de trocas institucionalizadas e acomodação de interesses dentro do governo. Entretanto, Bolsonaro faz isso numa situação muito tardia e numa situação desvantajosa, porque ele não mais tem o poder de barganha, em função da sua grande vulnerabilidade com a sociedade e com o próprio Congresso”, analisou o cientista político.
Pereira avalia que o poder de negociar em que termos se dará o apoio está com os partidos do centrão – leia-se PP, PSL, PSD, PL, PTB, Republicanos, PSC, Solidariedade, Avante, Patriota e Pros. Carlos Pereira considera ainda que a iniciativa mostra a fragilização dos militares dentro do governo.
“Se ele tivesse convidado o centrão desde o início do seu governo, aí sim teria o poder de barganha e poderia negociar os termos dessa aliança. Agora quem negocia os termos da aliança é o próprio centrão. A presença do centrão significa a fragilização dos militares. Na minha coluna no Estadão esta semana, deixei bem claro que é preferível um governo domesticado e refém de um centrão guloso, do que cercado de militares toscos que não compreendem como o presidencialismo multipartidário funciona”, finalizou.
O Jornal do MyNews também abordou as desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão (PRTB). Bolsonaro voltou a criticar Mourão publicamente nesta segunda (26), durante entrevista a uma rádio, comparando o vice-presidente a um “cunhado”. “Você casa e tem que aturar”. Bolsonaro disse ainda que Mourão faz o trabalho dele, tem independência muito grande, mas “às vezes atrapalha a gente um pouco”. Perguntado se comentaria as declarações de Bolsonaro, Hamilton Mourão – que viajou ao Peru para a posse do novo presidente do país, Pedro Castillo, limitou-se a dizer: “Sem comentários”.
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