Presidente aumentou de quatro para seis o número de armas autorizadas por pessoa e flexibilizou o rastreamento de insumos para fabricação de munições caseiras
por Juliana Braga em 15/02/21 16:47
O presidente Jair Bolsonaro coloca a sociedade brasileira em risco ao promover uma inundação de armas no país. Essa é a avaliação do pesquisador associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ivan Marques. Segundo ele, ao facilitar o acesso a armas, o presidente aumenta episódios de violência e cria a médio prazo um problema para as forças de segurança.
Na última sexta-feira, o presidente publicou em edição extra do Diário Oficial da União quatro decretos que aumentam o acesso e flexibilizam a rastreabilidade de armas e munições. Entre as principais mudanças estão o aumento de quatro para seis a quantidade de armas que cidadãos comuns podem adquirir, a possibilidade de porte de duas armas simultaneamente e a autorização para caçadores, colecionadores e atiradores desportivos comprarem insumos para recarga de até dois mil cartuchos de armas de uso restrito e cinco mil para as de uso permitido.
“São decretos que atentam contra a segurança pública. Sob o pretexto de garantir o hobby e o passatempo de atiradores desportivos, colecionadores e caçadores, o presidente coloca em risco a sociedade brasileira ao promover a inundação de armas no país”, disse Ivan em entrevista ao Almoço do MyNews.
Segundo ele, dados da ONU mostram que, no mundo, as armas são a causa de 40% dos homicídios. No Brasil, esse número passa de 75%. “O brasileiro tem uma dificuldade grande em resolver dificuldades interpessoais de maneira pacífica. Fazer com que as pessoas tenham a possibilidade de atingir esse número de armas dentro de casa só aumenta algumas violências que vem crescendo nos últimos anos: a violência doméstica, a violência contra mulher, os acidentes”, analisa.
Em médio prazo, defende Ivan, o problema pode alcançar inclusive as forças policiais, que podem começar a ser recebidas “a bala” em suas abordagens.
Os decretos publicados na sexta-feira passam a valer em sessenta dias. Ivan destaca que as novas regras entram na seara de regulamentação pelo Congresso Nacional e devem enfrentar dificuldades jurídicas. De acordo com o pesquisador, eles também são contrários a obrigações internacionais às quais o Brasil assinou.
Comentários ( 0 )
ComentarMyNews é um canal de jornalismo independente. Nossa missão é levar informação bem apurada, análise de qualidade e diversidade de opiniões para você tomar a melhor decisão.
Copyright © 2022 – Canal MyNews – Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ideia74
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR