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Política

CPI da Pandemia

Diretora da Precisa Medicamentos contradiz Ministério da Saúde sobre preço da Covaxin

Emanuela Medrades negou a existência da oferta de 10 dólares por dose do imunizante indiano, como havia informado o governo federal à CPI

por Vitor Hugo Gonçalves em 14/07/21 13:33

Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos, negou em depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (14) que a farmacêutica tenha oferecido unidades da vacina indiana Covaxin ao governo federal pelo valor de US$ 10 a dose, como relatou o Ministério da Saúde – documentos encaminhados pela pasta à Comissão apontam que, em reunião no dia 20 de novembro, o imunizante foi oferecido por US$ 10 a dose.

Emanuela Medrades durante depoimento à CPI da Pandemia.
Emanuela Medrades durante depoimento à CPI da Pandemia. Foto: Waldemir Barreto (Agência Senado).

Segundo a funcionária, existia à época apenas uma “expectativa de que o produto pudesse custar US$ 10 ou menos”, mas que jamais houve uma oferta concreta com essa precificação. A diretora classificou, então, a narrativa do ministério como “equivocada”.

Três meses após a suposta proposta, o ministério assinou um contrato, intermediado pela Precisa, concordando em pagar US$ 15 por dose da Covaxin. Como não houve a conclusão da transação devido as denúncias de irregularidades no processo de compra, as vacinas não foram entregues e o acordo foi suspenso.

“Essa memória de reunião foi unilateral, confeccionada pelo Ministério da Saúde e que nós, parte da reunião, não tivemos oportunidade de ler, assinar ou validar o que estava escrito. Posso garantir que não houve nenhuma oferta de 10 dólares por dose e nós o tempo todo tentamos que esse produto fosse mais barato para o Brasil”, declarou Medrades.

Renan Calheiros, relator da Comissão, rebateu a afirmação: “A memória de reunião é mentirosa?”. Como resposta, a diretora da farmacêutica disse que “sim, senador, é mentirosa”. A alegação causou alvoroço entre os senadores, e Medrades passou a classificar a memória da reunião como “equivocada”.

Negociação

Em novembro do ano passado, de acordo com os relatos solicitados ao Ministério da Saúde pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Benjamin Zymler, a vacina indiana foi oferecida ao governo brasileiro pelo preço de US$ 10 a unidade. Em fevereiro, no entanto, sem qualquer justificativa por parte da pasta, o acordo de compra foi fechado pelo valor de US$ 15 a dose.

Emanuela Medrades afirmou que o montante inicial pode ter sido citado como uma “expectativa”, mas não como uma oferta real. “Existia sim uma expectativa de precificação, de que o produto custasse menos do que 10 dólares. Não sei porque colocaram que custaria 10 dólares, porque não foi ofertada. O que existia no momento era uma expectativa, e eu consigo demonstrar através de todas as minhas comunicações”, afirmou durante seu depoimento.

A diretora complementou a explicação dizendo que “a política de precificação é da Bharat Biotech, a Precisa não atua na precificação. O que nós tentamos foi o tempo todo tentar reduzir esse custo. Tenho registros por e-mail, nós temos reunião”.

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