O professor de história da Universidade Federal de Juiz de Fora e estudioso do integralismo Odilon Caldeira acredita que o bate-boca na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é um sinal da radicalização do bolsonarismo e da extrema-direita.
“Nos últimos anos, o que se tem notado na realidade política brasileira, particularmente de alguns nichos da extrema-direita e ainda mais particularmente nos nichos do bolsonarismo, é uma intensa radicalização com esse aspecto da agitação e propaganda”, afirma Caldeira em entrevista ao Almoço do MyNews.
A briga na CCJ começou após o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) chamar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “genocida” por conta do número de mortos pela pandemia da covid-19. O petista foi interrompido pelo deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), que chamou o colega de “vagabundo” e disse que não iria “tolerar esse tipo de comportamento”.
A discussão seguiu por alguns minutos, e continuou mesmo com os pedidos de calma da presidente da comissão, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), que resolveu encerrar a sessão.
Odilon ressalta que antes de Jordy ser eleito em 2018, ele já era ativo nos circuitos da extrema-direita do Rio de Janeiro e participou, em 2017, de uma homenagem a Gumercindo Rocha Dorea, responsável por publicar obras integralistas.
“Essas novas ondas, novas expressões da extrema-direita, ele opta sobretudo não apenas por um não intelectualismo, mas sim pelo anti-intelectualismo. Faz um jogo político da propaganda política dessas figuras de linguagem, desses processos de agitação política, de provocação política. O caso do Jordy é uma estratégia bastante comum a uma extrema-direita global e particularmente do bolsonarismo”, explica o historiador.