Maia diz que ‘será inevitável’ debater impeachment de Bolsonaro; presidente diz que ‘só Deus’ o tira do cargo
por Rodrigo Borges Delfim em 16/01/21 06:50
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltaram a trocar farpas públicas em razão da situação de colapso no sistema de saúde do Amazonas, diante do avanço da Covid-19 no estado. Em coletiva ao lado de João Doria (PSDB), governador de São Paulo, nesta sexta-feira (15), Maia afirmou que “será inevitável” debater um processo de impeachment contra Bolsonaro no futuro.
“Eu acho que esse tema de forma inevitável será discutido pela casa no futuro. Temos de focar no principal, que agora é salvar o maior número de vidas, mesmo sabendo que há uma desorganização e uma falta de comando por parte do ministério da Saúde”, disse Maia.
As críticas quanto à falta de uma política efetiva de combate ao vírus por parte do governo federal, o atraso no início do processo de vacinação e a própria postura do presidente de minimizar a pandemia têm levado figuras públicas a defender o afastamento de Bolsonaro do cargo. Maia, por sua vez, também é criticado por não ter dado andamento a nenhum dos pedidos de impeachment já protocolados na Câmara contra o atual presidente.
“Reaja Brasil, reaja Congresso Nacional, reajam governadores, reajam prefeitos, reajam dirigentes sindicais, reajam formadores de opinião. Ampliem a reação da imprensa, um dos poucos segmentos do país que tem se mantido a contrapor-se ao facínora [quem executa um crime com crueldade] que governa o país”, acrescentou Doria sobre o presidente.
Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena no programa Brasil Urgente (Band), Bolsonaro atacou tanto o deputado quanto Doria, seu ex-aliado e hoje um dos seus principais desafetos.
“Só Deus me tira daqui. Me tirar na mão grande não vão tirar. Vou repetir aqui: que moral tem João Doria e Rodrigo Maia em falar em impeachment se eu fui impedido pelo STF de fazer qualquer ação contra a pandemia?”.
A guerra verbal entre as personalidades políticas ocorre não só em meio ao caos instalado no Amazonas, que vê seu sistema de saúde sufocado, literalmente, por falta de cilindros de oxigênio para atender à demanda nos hospitais.
Em uma tentativa de antecipar a vacinação no Brasil, o governo federal anunciou que buscaria na Índia cerca de 2 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, fabricadas também no país asiático.
O imunizante é considerada a principal aposta do governo, em contraposição à Coronavac, que está sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. É com essa vacina que Doria quer iniciar ainda em janeiro a imunização dos paulistas.
O governo da Índia, no entanto, afirmou em contato com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não tem como atender à demanda do Brasil no momento. O país asiático vai priorizar o atendimento à população local antes de realizar qualquer tipo de exportação de vacinas.
A situação no Amazonas ajuda a elevar ainda mais o número de vítimas da Covid-19. No Brasil, 207 mil pessoas já morreram em razão do vírus, fazendo do país o segundo no mundo nesse quesito, atrás somente dos Estados Unidos.
O ministro Ricardo Lewandovski, do Supremo Tribunal Federal, ordenou que o governo federal apresente em até 48 horas um plano emergencial para conter a situação de colapso no Amazonas.
Também durante a coletiva, Maia disse que pediu ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a convocação da Comissão Representativa do Congresso Nacional para discutir a situação no Amazonas.
Esse colegiado é formado por sete senadores e 16 deputados e atua como uma espécie de “plantão” do Congresso em tempos de recesso parlamentar. Maia defendeu a discussão de uma pauta mínima de votação para a retomada dos trabalhos do Legislativo no período do recesso, que vai até 31 de janeiro.
“A Câmara não pode ficar só olhando a crise de Manaus e a crise do país”, disse o presidente da Casa em entrevista à rádio CBN nesta sexta-feira.
Já o senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder da bancada do MDB no Senado, pediu oficialmente intervenção federal no estado do Amazonas. O ofício foi encaminhado na tarde desta sexta a Bolsonaro.
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