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“Irresponsabilidade é o método” do governo Bolsonaro, diz professor da FGV

Fernando Abrúcio afirma que mobilização constante praticada por Bolsonaro está em linha com as práticas da extrema-direita

por Luciana Tortorello em 28/05/21 21:41

“Não vim para explicar vim para confundir”. Essa é a máxima usada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) desde seu início, acredita o cientista político e professor da FGV-SP, Fernando Abrúcio. Em entrevista ao MyNews, ele comentou a primeira viagem do presidente da República a terras indígenas, impactos da CPI no governo e disseminação de mentiras.

Segundo Abrúcio, a viagem de Bolsonaro na última quinta-feira (27) para inaugurar uma ponte de madeira, construída pelo Exército, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e visitar pela primeira vez povos indígenas, foi mais uma forma de tirar o foco da CPI da Pandemia.

“O presidente não está preocupado com a verdade, o presidente não está preocupado em ser responsável pelos fatos, a irresponsabilidade é o método de governo, porque pela irresponsabilidade ele se legítima junto a um público, que vai mais ou menos de um quarto a um terço dos eleitores brasileiros, que acreditam nisso, eles querem acreditar em alguma coisa que não seja o que a mídia tradicional fala. O que as pessoas buscam de verdade e encontram no bolsonarismo é uma enorme fonte para o WhatsApp dos tiozões, uma enorme fonte de verdades alternativas que servem para confundir e, obviamente, para bater nos adversários do Bolsonaro”, analisa o cientista político.

Presidente Jair Bolsonaro na inauguração da ponte Rodrigo e Cibele em São Gabriel da Cachoeira. Foto: Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas
Presidente Jair Bolsonaro na inauguração da ponte Rodrigo e Cibele em São Gabriel da Cachoeira. Foto: Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas

Abrúcio vê a o discurso bolsonarista com preocupação única de legitimar e segurar o apoio do eleitorado.

“O Bolsonaro não está preocupado em governar a partir da qualidade das políticas públicas, governar para ele é uma guerra de comunicação, é isso então ele constrói, todo um conjunto de versões de verdades alternativas e tenta por meio disso mobilizar o eleitorado e, sobretudo, colocar-se contra todos aqueles que se colocam contra ele”, argumenta o professor da FGV.

Com esse tipo de confusão mental, o cientista político consegue perceber que alguns senadores estão seguindo as “verdades alternativas” de Bolsonaro. “O senador Marcos Rogério é o verdadeiro Senador Rolando Lero, ele estaria muito bem no programa do Chico Anysio, porque ele fala uma série de inverdades empoladas, as pessoas ouvem aquilo e pensam ‘nossa que sujeito inteligente ao dizer que a cloroquina salva’, é um conjunto de absurdos, que está levando a mais de 450 mil mortes no Brasil, provavelmente a 600 mil mortos até o final do ano”.

Para o especialista, Bolsonaro nunca parou de fazer campanha eleitoral. Ele começou seu mandato fazendo campanha para sua reeleição e isso fez com que ele não cumprisse suas funções presidenciais.

“É interessante notar como a ideia de ter que mobilizar constantemente seu eleitorado é uma peça chave não só dele, mas de muitos políticos e digamos esses neopopulistas de extrema-direita no mundo, o que bebe muito com coisas que já aconteceram no mundo, como para fascismo”, explica o cientista político.

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