Detenção do general é um evento inédito na história do país; esta é a primeira vez que um militar quatro estrelas é preso desde a redemocratização
por Sofia Pilagallo em 16/12/24 14:44
O então ministro da Defesa, Braga Netto, durante a cerimônia militar de promoção de Graduados do Quadro Especial de Sargentos (QESA), na Base Aérea de Brasília | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 01.04.2022
A prisão do general Walter Braga Netto é um marco importante para o fortalecimento da democracia brasileira, afirmou ao MyNews o historiador e cientista político Carlito Neto. Segundo ele, a prisão de Braga Netto é um evento inédito na história do país, uma vez que é a primeira vez que um militar quatro estrelas — o mais alto nível na hierarquia do Exército — é preso por ordem do Poder Judiciário, e não por ordem do Supremo Tribunal Militar (SPM). Atualmente, o Brasil tem apenas 19 generais quatro estrelas.
A prisão de Braga Netto ocorreu na manhã de sábado, quando a Polícia Federal (PF) realizou um mandado de busca e apreensão preventiva na casa do general, em Copabacana, no Rio de Janeiro. O mandado de busca e apreensão foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Braga Netto é um dos alvos do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado no país após as eleições de 2022 e, segundo a PF, o general estaria atrapalhando as investigações, “na livre produção de prova durante a instrução do processo penal”.
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“A justiça e as instituições democráticas têm mandado um recado direto não só para os indivíduos que tentaram dar um golpe de Estado no Brasil durante o governo Bolsonaro, mas para o mundo”, afirmou Neto em cobertura especial sobre a prisão de Braga Netto, exibida no sábado (14). “Se em alguns lugares do mundo a democracia não está sendo respeitada, e a justiça não é feita [..] no Brasil, a mensagem é bem clara: ‘Quem ataca as instituições democráticas não pode ficar sem punição’.”
Em relatório enviado ao STF, no mês passado, a PF apontou que Braga Netto teve participação efetiva nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito. Ele e outros 36 acusados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram indiciados no caso. A instituição apurou ainda que uma das reuniões realizadas para tratar do plano golpista para impedir a posse do presidente eleito e matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, foi realizada na casa de Braga Netto, em 12 de novembro de 2022.
Braga Netto foi candidato a vice-presidente em 2022 na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Antes, ocupou os cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro. Em 2018, comandou a intervenção federal na segurança do estado do Rio de Janeiro. Após a prisão, o general foi entregue ao Comando Militar do Leste e ficará sob custódia do Exército.
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