Corregedor da Câmara entendeu que parlamentar mineiro tumultuou sessão de quarta ao provocar bolsonaristas, com uma “conduta zombeteira”
A Mesa da Câmara enviou na noite de ontem ao Conselho de Ética pedido de suspensão do mandato do deputado André Janones (Avante-MG), uma representação feita pelo PL. O partido de Jair Bolsonaro quer punição do parlamentar mineiro pela acusação de “desordem no ambiente legislativo, tumultuando os trabalhos e inviabilizando a sessão” da última quarta-feira, quando filmou e bateu boca com bolsonaristas.
O corregedor Parlamentar, Diego Coronel (PSD-BA), concordou com o pedido do PL, entendeu ter ocorrido no episódio elementos que caracterizam quebra de decoro parlamentar e falou em necessidade de uma resposta.
“Quando gestos que afrontam o decoro são relativizados ou ignorados, não se compromete apenas a imagem individual de um parlamentar, mas se fragiliza, ainda que sutilmente, a dignidade coletiva desta Casa. Por isso, talvez seja oportuno refletir sobre a necessidade de uma resposta que, sem excessos, una firmeza, equilíbrio e proporcionalidade — sobretudo, que se faça presente”, se manifestou Coronel.
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O pano de fundo de toda discussão foram as medidas de Donald Trump contra o governo brasileiro.
Na sessão, Janones é acusado de ter tumultuado o discurso de Nikolas Ferreira (PL-MG), que discursava na tribuna, citando a carta de Trump, e de se posicionar em frente ao púlpito e o filmava “de forma ostensiva, parecia hostilizar o orador, enquanto gravava e proferia palavras e gestos que, aparentemente, pelo exame das imagens da sessão em apreço, ultrapassaram o mero dissenso político, porquanto suas ações ensejaram inequívoca desordem no ambiente legislativo, tumultuando os trabalhos da Casa e inviabilizando o regular prosseguimento da sessão”, descreve o corregedor.
Diego Coronel reconhece que as notas taquigráficas da sessão, durante os onze minutos qu duraram o embate, não constam falas de Janones, mas cita, o corregedor, “a conduta zombeteira” adotada por Janones, o que comprometeu a imagem da Câmara junto à opinião pública, registra.
A Mesa da Câmara, então, decidiu encaminhar ao Conselho de Ética o caso. O pedido foi feito pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que citou ainda o fato de Janones avançar para o lado onde se concentra a bancada do partido opositor, filmar e provocar os aliados de Bolsonaro. Ao final, ele pede a suspensão do mandato de Janones.
Em maio deste ano, o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) teve seu mandato suspenso por três meses pelo Conselho de Ética por ofensas à ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). Nesse período de suspensão, o deputado fica sem salário, sem verba de gabinete e sem emendas parlamentares.
No dia do tumulto, Janones afirmou que foi agredido fisicamente dentro do plenário pela “tropa de choque bolsonarista” e que, sozinho, foi cercado por 12 deputados “que tentaram me intimidar para que eu não criticasse o deputado Nikolas Ferreira”, que discursava naquele momento.
“Como não tenho medo e sei jogar o jogo deles, partiram para a agressão física na tentativa de me calar, mas não conseguiram. Estou formalizando uma queixa-crime e também realizarei exame de corpo de delito. 2026 já começou. E, a partir de agora, haverá choro e ranger de dentes. É guerra”, postou Janones nas suas redes.
Em nota, o parlamentar afirmou ter sido alvo de uma investida para calá-lo e citou os deputados que o teriam cercado: Rodolfo Nogueira, André Fernandes, Delegado Paulo Bilynky, Delegado Caveira, Zé Trovão e Carlos Jordy.