Michelle Bolsonaro pede jejum, enquanto mais de 33 milhões não têm o que comer Política

Michelle Bolsonaro pede jejum, enquanto mais de 33 milhões não têm o que comer


Michelle Bolsonaro – Foto: Reprodução/Redes sociais

Michelle Bolsonaro compartilhou em seu Instagram um vídeo de pastores evangélicos convocando as pessoas a fazerem um mês de jejum, de 2 de setembro a 2 de outubro – dia do primeiro turno das eleições. Isso enquanto 33,1 milhões de pessoas passam fome no Brasil e 58,7% da população vive em estado de insegurança alimentar, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN). O vídeo da primeira-dama mostra os pastores Claudio Duarte, JB Carvalho, Lucinho Barreto, João Queiroz, Júnior Rostirola, Ezenete Rodrigues e Gerson Costa, todos apoiadores do presidente Bolsonaro.

Para comentar sobre o episódio, no Almoço do MyNews desta segunda-feira (05/09), Myrian Clark recebeu o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Você deve lembrar de uma criança que ligou para a polícia para dizer que na casa dela ninguém tinha comida. Isso para quem é pai e mãe desperta muita sensibilidade. Agora, por um lado, essa atitude da primeira-dama causa revolta pelo absurdo, porque as pessoas estão passando fome. Mas por outro lado, tem uma estratégia de campanha que pauta a mídia, pauta as rodas de conversa, então ela consegue colocar a campanha de Bolsonaro no âmago da questão dele com a base de apoio, que são os evangélicos“, explica Rodrigo Prando.

Já Márcio Astrini foi além: “É ridículo, não do ponto de vista religioso, mas pela insensibilidade. As pessoas não têm condições de fazer jejum porque estão atingidas pela fome de forma compulsória, por causa da crise instalada no nosso país. São 33,1 milhões que já fazem jejum, porque não têm acesso à alimentação. Essa declaração da primeira-dama faz parte de todo o contexto que passamos nesse momento”.

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