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Cristiano Carvalho contradiz depoimento de Dominghetti sobre negociação de vacinas

Cristiano Carvalho diz que foi procurado por Dominghetti em janeiro. PM já tinha intenção de vender imunizantes

por Vitor Hugo Gonçalves em 19/07/21 14:54

Cristiano Carvalho, representante comercial da Davati Medical Supply, afirmou nesta quinta-feira (15), em depoimento à CPI da Pandemia, que foi procurado, em janeiro deste ano, por Luiz Paulo Dominghetti, policial militar e autointitulado “vendedor autônomo” de imunizantes. Carvalho disse que o PM iniciou os contatos já com a intenção de negociar doses da vacina.

Cristiano Carvalho, representante comercial da Davati, durante depoimento à CPI da Pandemia.
Cristiano Carvalho, representante comercial da Davati, durante depoimento à CPI da Pandemia. Foto: Edilson Rodrigues (Agência Senado).

A versão do depoente, no entanto, contradiz as declarações de Dominghetti à CPI, que se justificou como designado pela companhia Davati para comercializar lotes de vacinas no Brasil.

O representante oficial da empresa alegou que, até o início do ano, sequer conhecia o policial: “Eu conheci o senhor Dominghetti através de um colega em comum, o Rafael Alves […] no início de janeiro, primeira quinzena de janeiro, aproximadamente. Que ele tinha uma demanda de vacinas do Ministério da Saúde, e até então eu não falei com ele. Eu só vim a ter contato telefônico com ele no dia 10 de fevereiro, até então ele tratava com o Rafael Alves”.

“Eu sempre fui incrédulo da situação da venda, comercialização de vacinas. Nunca dei muita atenção para isso, comecei a dar um pouco de atenção quando começaram a chegar a mim contatos oficiais do Ministério da Saúde, e-mails, telefonemas. Aí, comecei a dar maior atenção”, complementou Carvalho.

Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre se a proposta de vender vacinas ao Ministério da Saúde chegou por intermédio de Dominghetti, o vendedor da Davati confirmou: “Sim, senhor. Ele já tinha uma parceria com a Senah, Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, e eles estavam buscando um fornecedor no exterior para sanar essa demanda que eles tinham entre eles. Precisamente como eles se conheceram, como chegaram um ao outro, vou ser bem sincero a Vossa Excelência que não tenho como dizer”.

Em junho, Dominghetti denunciou ao jornal ‘Folha de S.Paulo’ uma suposta cobrança de propina envolvendo a pasta da Saúde durante o processo de aquisição de vacinas. Já a organização privada Senah teria autorização, concedida pelo então diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, para negociar imunizantes com a Davati – o fundador da Senah, reverendo Amilton de Paula, seria o responsável pela mediação das tratativas entre a Davati e o presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com Dominghetti, Rodrigo Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina da empresa Astrazeneca durante a negociação do contrato de compra de 400 milhões de doses, tendo a Davati como intermediária dessa transação.

Dias, exonerado do cargo no mesmo dia em que as denúncias irromperam, afirmou em seu depoimento à Comissão que o pedido de propina inexistiu, e que Dominghetti é um “picareta”. A Davati por sua informou que o PM é um “vendedor autônomo” e negou ter convênio para venda da vacina produzida pela AstraZeneca. Em nota, a AstraZeneca afirmou que não possui intermediários no Brasil.

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