Nos últimos dias, dois casos de violência policial em São Paulo noticiados pela imprensa chocaram a sociedade pela brutalidade dos crimes
por Sofia Pilagallo em 04/12/24 11:11
Sofia Pilagallo entrevista o jornalista Sérgio Ramalho | Foto: Reprodução YouTube/MyNews
A política de segurança do governo de São Paulo empodera o policial truculento. Foi o que afirmou ao MyNews o repórter investigativo Sérgio Ramalho, co-autor do livro Oficiais do crime, publicado em outubro deste ano. A obra, escrita em conjunto com um sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), expõe como a corrupção e violência acontecem sistematicamente dentro da PM e mostra como os crimes são praticados, especialmente pelo alto escalão da corporação.
Nos últimos dias, dois casos de violência policial em São Paulo noticiados pela imprensa chocaram a sociedade pela brutalidade dos crimes. No dia 3 de novembro, um policial à paisana atirou pelas costas de um homem de 26 anos e o matou com 11 tiros, logo depois que o suspeito foi flagrado roubando produtos de limpeza de um supermercado, na zona sul de São Paulo. O caso só ganhou notoriedade na última semana.
Quase um mês depois, na madrugada de segunda-feira (2), um policial militar foi flagrado jogando um homem do alto de uma ponte, também na zona sul de São Paulo. A vítima é um motociclista de 25 anos que teria fugido de uma abordagem da PM. Ele foi ajudado por moradores do entorno e sobreviveu.
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“O que se tem constatado em São Paulo é que a política adotada pelo governo empodera esse tipo de comportamento do policial truculento. Não podemos nos esquecer que a culpa é também da sociedade, que fez essa opção”, afirmou Ramalho. “Eu não sei se o eleitor do governo de São Paulo está insatisfeito com isso [a postura da polícia]. Pelo menos, não me parece. A polícia acaba replicando os anseios de uma parcela da população.”
O aumento das mortes causadas por policiais na gestão Tarcísio preocupa. Dados do Ministério Público apontam que as mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo aumentaram 46% em 17 de novembro deste ano, se comparado a 2023. De janeiro a 17 de novembro deste ano, 673 pessoas foram mortas por policiais militares, contra 460 nos 12 meses do ano passado. A média é de duas pessoas mortas por dia.
Após a repercussão dos casos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que os crimes serão “rigorosamente punidos” e que policiais que “atiram pelas costas” ou “jogam pessoas de pontes” não estão à altura de vestir a farda da PM. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, comentou o episódio do homem jogado do alto de uma ponte, classificando a ação dos policiais como “lamentável” e afirmando que os profissionais envolvidos foram afastados de suas funções.
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