Governo paulista mantém 25 de janeiro como data de início da imunização
por Rodrigo Borges Delfim em 23/12/20 20:57
O governo de São Paulo e o Instituto Butantan anunciaram nesta quarta-feira (23) que a Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida em conjunto com o laboratório chinês Sinovac, tem eficácia e segurança suficientes para solicitação de uso emergencial. Contudo, a pedido do parceiro externo, adiou a divulgação dos resultados da fase 3 de testes.
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o objetivo é que os dados sejam comparados a resultados de pesquisas em outros países, evitando que o imunizante tenha diferentes índices de eficácia anunciados.
O secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou em coletiva de imprensa que a taxa de eficácia da vacina foi superior ao valor mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 50%. E negou que o atraso na divulgação dos dados por força de contrato tenha decepcionado.
“O fato disso acontecer transmite isonomia para que uma empresa possa dizer que toda a imunização feita tenha o mesmo percentual de eficácia no mundo”.
Apesar do atraso na divulgação dos dados, o governo paulista mantém a data de 25 de janeiro como início do programa estadual de imunização com a Coronavac. “Isso não muda a estratégia vacinal”, emenda o secretário.
Enquanto alguns países mundo afora já iniciam o processo de imunização de suas populações contra a Covid-19, a questão da vacina no Brasil ainda é pivô de uma grande disputa política e ideológica, que inclui ainda desinformação quanto a supostos efeitos do imunizante.
O governo federal anunciou na última quarta-feira (16) um plano nacional de imunização. Embora não tenha anunciado qualquer data durante a solenidade, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse a jornalistas após o evento que a vacinação é prevista para começar em fevereiro.
Os dois principais nomes envolvidos nessa disputa são o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Esse embate é visto ainda como parte do jogo visando a eleição presidencial de 2022 —ambos são considerados possíveis candidatos e tentam capitalizar em cima das respostas à pandemia.
Enquanto o presidente diz abertamente que não vai se vacinar contra a Covid-19 e é contra qualquer tipo de obrigatoriedade, Doria investe na Coronavac como elemento de imunização e como contraponto ao antigo aliado – o tucano professava voto em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial em 2018.
Ao mesmo tempo, a polarização em torno da vacina é cada vez mais sentida junto à população. Uma pesquisa divulgada no último dia 12 pelo Instituto Datafolha apontou que 22% dos entrevistados disseram que não pretendem se vacinar contra a Covid-19, contra 9% que manifestavam tal posição em agosto.
O número dos que pretendem participar da imunização ainda é franca maioria (73%), mas já reflete uma desconfiança crescente em torno das opções que se apresentam.
A mesma pesquisa Datafolha indica ainda que uma vacina desenvolvida pela China [como a Coronavac] é rejeitada por 50% dos entrevistados, enquanto imunizantes elaborados por Estados Unidos, Inglaterra e Rússia são negados por 23%, 26% e 36%, respectivamente.
Essa desconfiança encontra eco em notícias falsas que circulam pelas redes sociais, como a de que vacinas contra a Covid-19 teriam o poder de alterar o DNA de quem recebesse as doses.
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