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Vacinação por empresas pode “camuflar” a pandemia, afirma imunologista da USP

Cientista avalia que o Brasil já tem ferramentas de saúde pública para imunizar a população

por Fernanda Oening em 07/04/21 21:08

O projeto de lei que tramita no Congresso e prevê que empresas possam imunizar seus funcionários antes de grupos de prioritários e sem utilizar imunizantes autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é um erro. A avaliação é do doutor em imunologia e professor da Universidade de São Paulo (USP) Gustavo Cabral.

“É um grande risco e um grande medo porque quando temos esse número exacerbado, que assusta a população, a gente tem também uma exigência por respostas. O risco de termos um descontrole nessa obtenção privada de vacinas, pode, por exemplo, camuflar a pandemia. O combate à pandemia e vacinação deve ser através de um Programa Nacional de Imunização, que é o que nós temos de excelência, e isso está dentro do Programa da Família, um projeto de saúde pública muito bem estabelecido e que nós sabemos fazer muito bem, desde a década de 80. Temos que tomar cuidado com essas interferências porque podemos camuflar bem as mortes”.

O cientista também afirma que o momento é de não realizar cerimônias religiosas presenciais, assunto em pauta no no Supremo Tribunal Federal (STF). “Se a gente coloca uma quantidade de pessoas em ambientes fechados, fica complicado de controlar. Vai muito além da questão científica, é uma questão social. Infelizmente, nós chegamos no momento que mais temíamos. Nós espalhamos o vírus de uma forma que o Brasil se tornou um perigo para os brasileiros e para o mundo. O descontrole, infelizmente, pode favorecer um mês de abril muito pior, passando de 4 mil mortes diárias”.

O STF começou a julgar na quarta-feira (7) se governadores e prefeitos podem proibir cultos religiosos para conter o aumento de casos de covid-19. O presidente do Supremo, Luix Fuz, marcou o julgamento depois de decisões conflitantes de dois ministros. No último sábado (3), Nunes Marques, aceitou o argumento de liberdade religiosa atendendo a um pedido da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos e proibiu o veto dessas celebrações, decretado por estados, municípios e Distrito Federal. Na segunda-feira (5), em outra ação, o ministro Gilmar Mendes decidiu proibir os cultos em São Paulo e encaminhou o caso ao plenário.

Durante o julgamento no plenário, o Procurador-geral da República, Augusto Aras, e o Advogado Geral da União, André Mendonça, defenderam a abertura de igrejas e templos na pandemia. Mendonça chegou a dizer que cristãos aceitam “morrer pela fé”. Augusto Aras disse “a ciência salva vidas e a fé também.”

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