Brasil barrou a entrada da Venezuela no Brics, alegando que país vizinho não cumpre requisitos básicos para se juntar ao bloco de países emergentes
por Sofia Pilagallo em 31/10/24 14:14
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante uma reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin - Foto: Serviço de imprensa do Presidente da Federação Russa - 25.09.2019
A decisão do Brasil de vetar a entrada da Venezuela nos Brics tem mais a ver com as eleições municipais deste mês de outubro do que com a crise diplomática entre os dois países. Essa é a análise do diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador e presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), que participou do Segunda Chamada de quarta-feira (30).
Na 16ª Cúpula do Brics, encerrada na noite da última quinta-feira (24), em Kazan, na Rússia, o Brasil usou seu poder de veto para barrar a entrada da Venezuela nos Brics, alegando que o país vizinho não cumpre requisitos básicos para se juntar ao bloco de países emergentes. Segundo o chanceler Celso Amorim, o Brasil prioriza a entrada de países “com influência e que possam ajudar a representar a região”.
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“Acho que essa atitude do Brasil de vetar a Venezuela [nos Brics] tem a ver com uma política interna, não externa”, afirmou o diplomata Rubens Barbosa. “O Brasil estava sendo muito criticado. Se tivesse aceitado a Venezuela [nos Brics] às vésperas das eleições municipais, teria sofrido uma reprovação muito grande, o que prejudicaria ainda mais o desempenho do PT no pleito.”
Depois da cúpula dos Brics, o governo de Nicolás Maduro decidiu convocar, nesta semana, o embaixador da Venezuela em Brasília, Manuel Vadell, para consultas em Caracas. O motivo seriam “as recorrentes declarações de ingerência e grosseiras de porta-vozes autorizados pelo governo brasileiro”, em particular do assessor especial para Assuntos Externos, Celso Amorim, que o regime venezuelano alegou se comportar como “um mensageiro do imperialismo norte-americano”.
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Na avaliação do diplomata Rubens Barbosa, o Brasil não deve reagir a essas investidas do governo Maduro e deve manter os canais abertos com a Venezuela. O rompimento das relações diplomáticas não interessa a nenhum dos dois países, que, inclusive, têm afinidades ideológicas e interesses em comum.
Para Barbosa, a convocação de um embaixador para consulta é “um ato sério, mas não final” e, por isso, não deve ser encarado como o primeiro estágio de um rompimento. Em fevereiro, o governo brasileiro também chamou o embaixador de Israel para consultas, depois que o chanceler israelense, Israel Katz, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) persona non grata no país. Mesmo depois disso, os países seguiram mantendo relações diplomáticas.
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