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O Impacto Ambíguo da Inteligência Artificial no Mercado de Trabalho Brasileiro

A Inteligência Artificial no Brasil: Transformação no Mercado de Trabalho, Desafios e Soluções.

por Allex Ferreira em 01/09/23 15:21

Imagem criada por Allex Ferreira & Midjourney

Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma visão futurista e se tornou uma realidade tangível que está transformando diversos setores da sociedade brasileira, incluindo o mercado de trabalho. Com o apoio do governo brasileiro, que estabeleceu a “Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial” (EBIA) para nortear o desenvolvimento e a aplicação ética da IA, a tecnologia tem o potencial de revolucionar a forma como trabalhamos. A EBIA está alinhada com diretrizes internacionais e prioriza princípios como crescimento inclusivo, transparência e responsabilidade. Entretanto, essa transformação traz consigo um conjunto próprio de desafios e dilemas. Este artigo tem o objetivo de explorar as complexas implicações da IA no emprego no Brasil, abordando tanto as oportunidades de criação de novas profissões e aumento de produtividade, quanto os riscos de desemprego estrutural e desigualdade econômica.

Promessa da IA: Criação de Empregos

A Inteligência Artificial (IA) está se tornando não apenas uma tecnologia emergente, mas também um campo profissional em rápido crescimento no Brasil. Cientistas de dados, engenheiros de machine learning e especialistas em ética em IA estão sendo cada vez mais procurados. Isso é parte da Estratégia Nacional Brasileira para Inteligência Artificial (EBIA), lançada em abril de 2021, que destaca o foco do governo brasileiro em fortalecer as habilidades da massa crítica. Essas novas profissões, que não existiam há uma década, agora desempenham um papel crucial no desenvolvimento responsável da IA no país.

Mas a IA não está apenas criando novos empregos; ela também está revolucionando a forma como trabalhamos. A tecnologia tem o potencial de assumir tarefas repetitivas e demoradas, liberando os trabalhadores para se concentrarem em atividades que exigem mais criatividade e habilidades interpessoais. A EBIA também ressalta a importância dessa transformação na melhoria da produtividade e na criação de novas oportunidades no ecossistema de inovação.

Além disso, a adoção de IA vai além de simplesmente manter-se atualizado com as últimas tecnologias. É uma estratégia crucial para a competitividade global. Empresas brasileiras que implementam IA de forma eficaz estão se posicionando para ter uma vantagem competitiva em mercados internacionais. Isso está alinhado com a estratégia do governo brasileiro, que visa fortalecer a posição do Brasil na tecnologia de IA para enfrentar desafios nacionais.

IA no mercado de trabalho brasileiro

Imagem criada por Allex Ferreira & Midjourney

O Lado Sombrio: Perda de Empregos

A automação inteligente já está impactando setores como a manufatura, realizando tarefas repetitivas e corroborando estudos como o de D. Acemoglu, que apontam para uma redução na contratação de posições não relacionadas à tecnologia avançada. Isso diminui a demanda por mão de obra em trabalhos que não exigem qualificações especiais. O mesmo acontece no telemarketing, onde chatbots e sistemas automáticos estão assumindo um papel cada vez mais proeminente.

Essa evolução tecnológica também eleva o nível de especialização necessário para novas vagas de emprego. Habilidades como programação e análise de dados tornam-se essenciais, criando uma barreira para aqueles que vêm de setores menos especializados, um fenômeno também observado no estudo de Laura Barbieri.

Por outro lado, essa automação pode ampliar a desigualdade salarial. Enquanto profissionais com habilidades em tecnologias emergentes podem comandar salários elevados, aqueles em setores mais vulneráveis podem enfrentar reduções salariais ou até mesmo o desemprego. Este último ponto é discutido no artigo de Amisha Bhargava, que destaca a importância de habilidades humanas, como empatia e comunicação, que ainda não podem ser replicadas por algoritmos.

Futuro Incerto para Profissionais do Conhecimento

A Inteligência Artificial está desenvolvendo-se rapidamente em campos que antes eram considerados exclusivos para humanos devido à necessidade de habilidades especializadas e pessoas com capacidade de decidir com base no conhecimento adquirido. Na advocacia, por exemplo, algoritmos de IA já podem executar análises detalhadas de contratos e due diligence com uma eficiência que supera a capacidade humana. Isso não apenas acelera o processo, mas também diminui as chances de erro. A questão que surge é: como isso afeta os advogados e profissionais que lidam com a retenção de informação que tradicionalmente realizavam essas tarefas?

Essa incerteza não se limita à advocacia. Na medicina, a IA está sendo usada para diagnosticar doenças com uma precisão cada vez maior. Algoritmos podem analisar imagens médicas e identificar padrões que talvez sejam negligenciados pelo olho humano. Isso é revolucionário em termos de eficácia e rapidez de diagnóstico, mas também desafia o papel dos radiologistas e outros profissionais da área médica. A mesma tecnologia que pode acelerar diagnósticos também pode tornar certas funções exercidas por esses profissionais ultrapassadas.

No campo do jornalismo, a IA já é capaz de produzir artigos e relatórios simples, especialmente aqueles que envolvem a análise de grandes volumes de dados, como relatórios financeiros. Isso pode liberar jornalistas para se concentrarem em tarefas mais complexas, como pesquisas detalhadas. No entanto, também existe o risco de que muitas das tarefas rotineiras que eram porta de entrada para jornalistas iniciantes sejam automatizadas, alterando a dinâmica de como os jornalistas entram e progridem na profissão.

O estudo de Amisha Bhargava e outros também aborda essa incerteza. Ele sugere que, enquanto a IA pode assumir tarefas específicas, ela ainda não pode replicar a empatia, o julgamento ético e as habilidades interpessoais que esses profissionais oferecem. Portanto, em vez de uma substituição total, é mais provável que vejamos uma reformulação das atribuições desses profissionais. Eles podem se tornar mais gestores ou parceiros da IA, ao invés de meros realizadores de tarefas.

Estratégias de Mitigação

A requalificação tornou-se uma necessidade urgente, não apenas uma opção. No Brasil, iniciativas como o “Treinamento Imersivo de Inteligência Artificial da Microsoft” oferecem cursos gratuitos em colaboração com o LinkedIn, incluindo o primeiro Certificado Profissional em IA Generativa. A colaboração entre o setor empresarial e instituições de ensino é crucial para fornecer treinamento e certificações que atendam às demandas de indústrias em mudança.

Junto com o avanço da tecnologia de automação inteligente, surgem questões éticas e sociais que precisam ser abordadas pelas autoridades. Regulamentações podem ser implementadas para limitar a automação em setores sensíveis e garantir uma transição justa para uma economia mais mecanizada. A supervisão do governo também é necessária para garantir que as práticas empresariais estejam em conformidade com as normas trabalhistas e éticas.

Por último, mas não menos importante, a ideia de uma renda básica universal está ganhando força, não apenas em cenários globais, mas também na América Latina. Embora o Brasil ainda não tenha experimentos piloto específicos, essa abordagem poderia servir como uma rede de segurança para aqueles que perdem seus empregos devido à automação, assegurando um padrão mínimo de vida.

Considerações finais 

A adoção da Inteligência Artificial no mercado de trabalho brasileiro é inevitável, e a discussão se concentra em quando e como será impactado. Enquanto as políticas e estratégias são debatidas, o cenário do mercado de trabalho passa por uma transformação contínua. A Inteligência Artificial traz consigo desafios e oportunidades que precisam ser abordados com cautela. Em meio a essa incerteza, surge a questão de como a sociedade brasileira irá lidar com esse território desconhecido da IA. É crucial estabelecer um diálogo aberto e inclusivo entre todos os setores da sociedade para obter respostas práticas e aplicáveis a essas perguntas.

 


Allex Ferreira, um artista visionário e fotógrafo, tem sido um pioneiro na intersecção de tecnologia e arte. Desde 2011, Allex tem explorado a tecnologia blockchain, sendo um dos primeiros adeptos do Bitcoin. Recentemente, voltou sua atenção para a inteligência artificial, integrando-a em seu trabalho artístico. Allex também contribui com escritos sobre blockchain, oferecendo uma perspectiva única sobre esta tecnologia revolucionária. Seja através da lente de uma câmera ou das últimas tendências tecnológicas, Allex sempre busca novas maneiras de unir tecnologia e arte.

Referências

Artigos Acadêmicos:

  1. Economics of Artificial Intelligence: Implications for the Future of Work  
    • Autores: Ekkehard C. Ernst, Rossana Merola, Daniel K. Samaan – Publicado em: Junho de 2019
  2. Artificial Intelligence, Jobs, Inequality and Productivity: Does Aggregate Demand Matter?
    • Autores: T. Gries, W. Naudé – Publicado em: Novembro de 2018
  3. MIT Technology Review: The Impact of Artificial Intelligence — Widespread Job Losses

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