Agressão física que marcou a noite de domingo (15) nos estúdios da emissora não foi motivo de risada e só fez o público sentir vergonha
por Elias Tavares em 16/09/24 12:05
Pablo Marçal é levado em ambulância após ter sido agredido no debate da TV Cultura, no domingo (15) | Fotos: Reprodução Instagram/Reprodução Instagram
Como cientista político, é meu papel observar os debates eleitorais e tentar extrair dali algum conteúdo relevante para a discussão pública. No entanto, o que vimos na noite de domingo (15), na TV Cultura, me trouxe lembranças que vão além da política: me fez lembrar do Baile da Gabriela, uma música que meu pai, sempre animado, costumava cantar em casa. A diferença é que, enquanto a música da banda gaúcha Garotos de Ouro foi criada para divertir, o episódio de domingo foi qualquer coisa, menos engraçado.
Tudo parecia transcorrer dentro do esperado até que Pablo Marçal (PRTB) decidiu provocar José Luiz Datena (PSDB) com a frase “você não é homem”. Em resposta, Datena demonstrou que, para ele, as palavras não bastavam: pegou uma cadeira e a arremessou contra Marçal. Isso mesmo, uma verdadeira cena de filme — ou melhor, de baile. Nesse ponto, o apresentador, Leão Serva, ficou sem reação e chamou o intervalo. Na sequência, os espectadores foram brindados com uma orquestra que tocava calmamente, como se nada estivesse acontecendo nos bastidores.
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Quando o debate voltou ao ar, Datena já havia sido expulso e Marçal já havia deixado o debate por vontade própria, alegando mal-estar. O que deveria ser um espaço para o eleitor conhecer as propostas dos candidatos terminou como o Baile da Gabriela, só que em vez de chinelada, tivemos uma cadeirada ao vivo.
Essa situação me trouxe uma comparação inevitável. Na música, a banda descreve um baile animado que termina em confusão, com chinelas voando e o evento acabando na bagunça. Ontem, o debate também seguiu esse ritmo: começou com provocações, mas terminou de maneira vergonhosa, sem que nenhuma proposta relevante para a cidade de São Paulo fosse discutida.
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Enquanto o Baile da Gabriela era motivo de risadas e diversão, o “baile” da TV Cultura só nos fez sentir vergonha. Não estamos mais discutindo as soluções necessárias para os problemas da cidade, como transporte, saúde, moradia ou educação. Em vez disso, testemunhamos o espetáculo de egos inflados e uma completa falta de respeito ao eleitor.
É triste perceber que, assim como o baile da música, o debate de ontem acabou mal. Se antes a confusão terminava em chineladas, agora termina com cadeiradas. O que deveria ser uma oportunidade para os candidatos apresentarem suas ideias se transformou em mais um momento lamentável da política brasileira. Embora o texto tenha um tom de humor, a realidade é bem mais triste do que qualquer piada. São Paulo merece mais, e nós, eleitores, também.
***Elias Tavares é cientista político e membro do Canal MyNews***
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