Escritora comenta pandemia e o papel da branquitude brasileira no combate ao racismo
por Luciana Tortorello em 27/04/21 18:41
Sucessão de absurdos. É isso que a Djamila Ribeiro acha do que está acontecendo no governo atual. A filósofa, escritora e ativista do movimento negro falou ao MyNews e comentou o caso do ex-ministro Eduardo Pazuello, flagrado sem máscara em um shopping center. Ela também falou de seu último livro e de redes sociais.
“Vivemos um momento de um governo de negacionismo, de negar ciência. A gente sabe que, nos ambientes fechados, é obrigatório o uso de máscaras, então eu também me questiono por que foi autorizado ele entrar, mas justamente porque ele se acha parte de um lugar, ele acredita que pode tudo”, analisa Djamila.
A luta contra o racismo sempre foi muito presente na vida da filósofa. Em o “Pequeno Manual Antirracista”, ela trata de algumas lições para entender o racismo e como combatê-lo.
“Ao invés de entender seu lugar e a sua responsabilidade histórica dentro disso tudo, de fato existem essas figuras que colocam como se essa questão fosse mais uma maneira de trazer algum tipo de visibilidade para si mesmo e não se colocar no lugar de escuta. Acho que depois do assassinato de George Floyd a gente viu muito disso infelizmente. Eu fui muito crítica desse tipo de ação, coloco lá uma hashtag e pronto”, diz a escritora.
Djamila destaca que enfrentar o racismo não passa por “se colocar no lugar de salvador ou salvadora”, mas sim de entendê-lo como um problema sistêmico e estrutural.
“A minha responsabilidade é de visibilizar as pessoas que estão falando sobre isso, que estão na linha de frente para ver de uma maneira muito mais aprofundada. Não tratar como uma mera questão, [não] se colocar no lugar de salvador ou salvadora e se colocar no lugar como se tivesse fazendo favor. E não reconhecer o seu papel nessa luta. Eu acho que isso diz muito sobre como a branquitude no Brasil trata essas questões”.
Quando perguntada sobre o uso de redes sociais a ativista diz, há maneiras mais efetivas de se posicionar, especialmente para furar uma bolha e conseguir dialogar com outras camadas sociais.
“A gente vive num país em que boa parte da população não tem acesso à internet. Claro que é importante a gente usar esse meio, mas com estratégia, usar esse meio com responsabilidade. A gente vive às vezes uma gritaria generalizada que não gera reflexão nenhuma. A gente não pode partir de um lugar arrogante, muitas vezes todo mundo tem seu saber e fora da internet eu acho que é muito importante. Eu jamais vou atacar alguém porque pensa diferente de mim, o que eu vou fazer é me defender. Como eu vim de uma formação política de base, então eu sei que eu preciso agir na base, então para furar a bolha eu acho que a gente também se engaja nesses projetos sociais”, argumenta a escritora.
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