Na CPI da Pandemia, ex-chanceler que já chamou coronavírus de “comunavírus” nega atrito com Pequim
por Redação em 18/05/21 12:18
O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou nesta terça-feira (18) na CPI da Pandemia que não praticou um alinhamento automático com os Estados Unidos ou atacou a China durante seu mandato como líder da diplomacia brasileira.
“Eu não entendo nenhuma declaração que eu tenha feito, em nenhum momento, como anti-chinesa. Houve determinados momentos em que, como se sabe, por notas oficiais, o Itamaraty, eu, por minha decisão, nos queixamos de comportamentos da Embaixada da China, ou do embaixador da China em Brasília. Mas não houve nenhuma declaração que se possa qualificar como anti-chinesa”, diz Araújo.
O ex-chanceler, contudo, foi cobrado pelo presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), que acusou Araújo de estar “faltando com a verdade” e relembrou texto do ex-chanceler em que ele afirma que a covid-19 seria o “comunavírus”.
Araújo afirmou que, na verdade, estava debatendo uma tese do filósofo Slavoj Žižek e que nunca promoveu “nenhum atrito” com Pequim.
O ex-ministro também negou ter praticado um alinhamento automático com a gestão do então presidente dos Estados Unidos Donald Trump e afirmou que o Brasil “só entrou e embarcou em iniciativas que fossem do interesse brasileiro”.
Em texto, Araújo já afirmou que Trump seria capaz de salvar o Ocidente e aproximar a região novamente de Deus. Durante a gestão do ex-chanceler, o Brasil foi o único país a estar do lado dos Estados Unidos, então governado por Trump, durante a votação de uma resolução na ONU para eliminar referências de apoio à OMS. Também durante a gestão de Araújo, o Brasil se posicionou ao lado dos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) e foi contrário a quebra de patentes de vacinas contra a covid-19.
Araújo afirmou ter “excelentes relações” com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) e o assessor da presidência da República Filipe Martins. Com Martins, o ex-chanceler diz ter conversas com frequência.
Sobre a imunidade de rebanho, que afirma que a proteção contra a pandemia pode vir pelo contágio, e portanto pela morte, e não pela vacina, Araújo afirmou não ter “condições científicas” de avaliar a tese, assim como disse não ter ouvido discussões sobre a teoria em reuniões no Palácio do Planalto.
Sobre a carta da Pfizer com uma oferta de vacinas enviada para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), outros nomes do primeiro escalão do governo e o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster, Araújo afirma que teve conhecimento da missiva por meio de telegrama de Foster. O ex-chanceler disse que a questão foi encaminhada para o Ministério da Saúde.
“Ninguém do governo me procurou para tratar dessa questão”, disse Araújo na CPI da Pandemia.
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