Impasse diplomático entre Espanha e Marrocos causa crise migratória e cenas impressionantes de pessoas que tentam sobreviver
por Hermínio Bernardo em 21/05/21 14:25
A Espanha tem dois enclaves no litoral do Marrocos, no Norte da África. Isso quer dizer que duas cidades espanholas – Ceuta e Melilla – estão no território marroquino. Estas são as únicas fronteiras terrestres entre Europa e África. Por isso, imigrantes e refugiados tentam chegar lá.
As autoridades do Marrocos começaram a ignorar o fluxo de imigrantes e permitir que eles tentassem cruzar a fronteira. A decisão foi tomada depois que a Espanha ter recebido no país Brahim Gali, para ser hospitalizado por causa da covid. Ele é o líder da Frente Polisário, um grupo que busca a independência e é considerado como terrorista por Marrocos.
Por isso, o governo marroquino começou a fazer vista grossa. Nos últimos dias, cerca de 8 mil pessoas conseguiram chegar a Ceuta, seja pulando a cerca que separa os dois países ou nadando. Imagens de pessoas desesperadas foram registradas e viralizaram.
A Guarda Civil espanhola resgatou um bebê e crianças no mar.
Um vídeo mostra o momento em que um adolescente conseguiu chegar à praia. Ele amarrou garrafas de plástico ao corpo para conseguir flutuar. O garoto foi detido pelas forças de segurança quando chegou à Ceuta. Outro vídeo mostra um refugiado senegalês sendo atendido por uma voluntária da Cruz Vermelha. Extenuado, ele abraça a mulher que o conforta.
A maioria dos imigrantes já foi expulsa do território espanhol e retornou para o Marrocos. Esse impasse diplomático será resolvido em alguns dias, mas escancara a crise humanitária que enfrentamos. Seja de países africanos ou do Oriente Médio, tentando fugir de guerras, ditaduras ou da pobreza.
Muitos arriscam a vida na travessia pelo mar porque acreditam na possibilidade de ao menos tentar, já que permanecer no país de origem não é opção para sobreviver.
Um livro que exemplifica muito bem isso é “Uma esperança mais forte que o mar”. A obra conta a história de Doaa Zamel e foi escrita por Melissa Fleming, diretora de comunicações do Acnur, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Doaa foge da guerra civil na Síria e tenta a arriscada travessia pelo Mar Mediterrâneo, assim como tantos tentaram nesta semana para Ceuta.
“O frio era tanto que ela nem conseguia sentir os pés e a sede era tamanha que a língua havia inchado. Estava tão abalada de tristeza que se não fossem as duas meninas pequenas nos braços, quase mortas, teria deixado o mar consumi-la.”
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