Política

Pandemia

Estudo da USP indica que governo tentou alcançar imunidade de rebanho

Estudo liderado por Deisy Ventura avalia que governo de Bolsonaro trabalhou para espalhar a covid-19

por Luciana Tortorello em 15/06/21 18:13

A advogada e professora da Faculdade de Saúde Pública da USP Deisy Ventura vê a CPI como uma forma de finalmente o Governo Federal colocar a pandemia como prioridade. Ela liderou uma pesquisa que mapeou as medidas tomadas pelo governo federal no âmbito da pandemia de covid-19 e diz que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) trabalhou para disseminar o novo coronavírus pelo Brasil.

“A gente já está desde o ano passado acompanhando a produção normativa brasileira, as normas que são editadas pela União, relativas à covid-19. Publicamos o primeiro estudo preliminar em janeiro e agora, a pedido da CPI, a gente atualizou esse estudo, que chega à conclusão de que a propagação da covid-19 no Brasil pelo Governo Federal foi intencional, ou seja, o governo quis responder a pandemia de covid-19 por meio do que a gente chama de imunidade de rebanho por contágio”, relata Ventura ao Mynews.

A advogada argumenta que a atual situação que o Brasil passa com o vírus só foi realmente levada à sério nos momentos de crise, como os que aconteceram no Amazonas em janeiro deste ano, com a falta de oxigênio, e que a CPI da Pandemia está mudando esse panorama.

(Maceió – AL, 13/05/2021) Presidente da República, Jair Bolsonaro, na cerimônia de entrega de 500 Unidades Habitacionais do Residencial Oiticica I. Foto: Alan Santos/PR.
(Maceió – AL, 13/05/2021) Presidente da República, Jair Bolsonaro, na cerimônia de entrega de 500 Unidades Habitacionais do Residencial Oiticica I. Foto: Alan Santos/PR.

Sobre a decisão do ministro Kassio Nunes Marques de suspender a quebra do sigilo telefônico do braço direito do General Pazuello, Elcio Franco, a professora vê essa decisão como destoante dos demais ministros do Supremo Tribunal Federal.

“Veja, quando alguém é nomeado para ser ministro do STF, claro que o processo de escolha sempre teve componentes políticos importantes, mas uma vez investido no cargo, é um dever a independência, é um dever importantíssimo e a gente viu isso em relação a outros ministros, que vinham indicados com uma força política importante, mas uma vez no cargo, agiram como ‘traidores’, ou seja, assumiram o cargo mas não realizaram no exercício desse cargo a defesa política de quem os nomeou. É isso que a gente espera de todos, que não tenham compromissos partidários, que não tenham compromissos com grupos políticos, então a conduta do ministro Kassio com K já destoa do resto do tribunal”, explica Ventura.

Sobre a vacinação, a advogada observa a atuação do governo como um “fiasco”. “Existe uma hesitação vacinal, onde essas pessoas que não vão vacinar, existe uma mobilização de sentimentos de inscrição da vacina numa disputa política, que claro que dificulta muitas coisas, além de outras dificuldades que são naturais sempre no processo de imunização que envolve o deslocamento das pessoas e uma série de componentes. Essa lentidão compromete a eficácia do programa de imunização. Essa é a imunidade coletiva que nós queremos, a imunidade coletiva por imunização, é isso que diz a OMS, a imunidade de rebanho por contágio é um crime antiético cientificamente infundado”.

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