Não pode ser normalizado o fato de uma pessoa ser atacada por sua existência, por sua identidade
por Hermínio Bernardo em 28/06/21 12:51
Uma mulher trans sofreu uma tentativa de homicídio no Centro de Recife, em Pernambuco. Identificada como Roberta, ela sofreu queimaduras de terceiro grau em 40% do corpo após um homem atear fogo nela.
O agressor é um adolescente que tentou fugir, mas foi apreendido e autuado em flagrante. A vítima relatou ter sofrido LGBTfobia por causa da identidade de gênero e da orientação sexual dela. Ela continua internada e o estado de saúde dela é estável.
Não pode ser normalizado o fato de uma pessoa ser atacada por sua existência, por sua identidade. E isso deveria ganhar destaque em todo o país pela covardia e absurdo. Assim como o racismo, a homofobia é estrutural.
No Brasil, 175 pessoas trans foram assassinadas em 2020. Uma morte a cada dois dias, de acordo com a Antra, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil.
Como já comentei aqui no Literatura em Fatos em outra oportunidade, o Brasil é o país mais perigoso do mundo para pessoas trans. Sim, o Brasil é o pior lugar para uma pessoa trans em todo o planeta. O país lidera o ranking elaborado pela ONG Transgender Europe, que reúne dados de 71 nações. Isso sem falar da subnotificação.
Mundo afora, alguns países se destacam (negativamente). Um dos que mais vem chamando a atenção recentemente é a Hungria. O Parlamento húngaro aprovou uma lei que proíbe a divulgação nas escolas de conteúdos que promovam a pornografia no país. A lei aprovada faz parte da legislação contra a pedofilia e inclui a homossexualidade e a mudança de gênero. Na prática, criminaliza e restringe o direito básico à informação sobre a homossexualidade.
A proposta é do partido Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, um ultraconservador que ataca os direitos da comunidade LGBTQIA+ para promover o que considera “valores cristãos”.
A nova lei foi alvo de protestos por toda a Europa, justamente no mês do orgulho LGBTQIA+, e chegou aos estádios da Eurocopa. A UEFA rejeitou a ideia da Prefeitura de Munique de iluminar o estádio com as cores do arco-íris para a partida entre Alemanha e Hungria. Em protesto, vários clubes alemães iluminaram seus estádios com as cores que representam o movimento LGBTQIA+. No jogo, milhares de bandeiras foram distribuídas.
A Uefa ainda investiga uma faixa homofóbica que foi colocada pela torcida húngara na partida contra Portugal e cantos racistas no jogo contra a França. A seleção húngara deveria ser suspensa pelos atos criminosos da torcida.
Na literatura, Léonor de Récondo traz um livro incrível sobre o tema. O livro “Ponto Cardeal” conta a história de Laurent, um homem casado, pai de dois filhos, que guarda o segredo de ser uma mulher. Laurent só se sente livre uma vez por semana, quando se torna Mathilda, quando está de vestido, salto alto e maquiagem.
Um excelente livro sobre a busca da própria identidade.
“Mathilda encaixa um espelhinho no centro do volante, se olha, se acha bonita e triste ao mesmo tempo, observa o queixo, o nariz, os lábios. É o momento do despojo, o pior momento.”
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