Bolsonaro apresenta “argumento frouxo” ao dizer que não sabe o que acontece em seus ministérios, diz cientista político

O cientista político e professor da Unesp Marco Aurélio Nogueira vê a CPI da Pandemia como uma iniciativa relevante para a política brasileira no momento atual. Em entrevista ao MyNews, ele comentou sobre a CPI e sobre a gestão do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que disse mais uma vez não saber o que acontece em seus ministérios.  

“Esse depoimento do Roberto Dias segue um pouco o protocolo ou o roteiro de outros depoimentos que foram feitos lá, por figuras envolvidas com todo o problema da gestão da pandemia e particularmente nos últimos dias da questão da compra da vacina indiana da Covaxin. Há uma blindagem entre eles, um esforço também para blindar tanto o ex-ministro da Saúde General Pazuello como Presidente da República Jair Bolsonaro e a CPI por sua vez segue acumulando indícios de que muita coisa errada aconteceu e continua acontecer no Brasil de março do ano passado para frente”,  

Segundo o professor, se coloca uma tensão de saber como a CPI vai processar esse montante de indícios e produzir relatórios com desfecho institucional tão relevante quanto são os indícios acumulados até agora.

Ainda falando sobre pandemia, mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), alegou não conseguir saber de tudo que acontece nos ministérios. Esse tipo de resposta já foi usada por outros presidentes anteriormente. Para o cientista político, essa não é uma boa alternativa para o presidente se segurar.  

“É uma péssima alternativa, porque mostra um presidente que seguramente estava alheio ao que ocorre até mesmo em volta dele, ele tá muito preocupado consigo, com a sua família, com o círculo íntimo que o cerca e com a sua reeleição, não está olhando para os problemas do país, assim como não olhou até agora para a pandemia, a melhor prova disso é a queda já significativa dos seus índices de apoio no conjunto da sociedade. Eu acho que esse é um argumento frouxo e que não é compatível com a gravidade do que se passa no Ministério da Saúde, do que se passou a partir da gestão Pazuello que está ocorrendo agora com a questão da compra das vacinas mas é sujeira da saúde é tão grande é tão expressiva que é inadmissível que o principal dirigente do país que diga ignorante em relação a isso”,

Nogueira ainda vê que o envolvimento das Forças Armadas de certa maneira manuseando e manipulando no processo de compra ou não da vacina Covaxin, é muito ruim. “ Esse envolvimento provoca a formação de uma mácula, de uma mancha muito ruim da identidade das Forças Armadas o quê para os militares voltarem à normalidade depois de tudo isso que está ocorrendo, os cinco, seis, sete mil militares que se envolveram nos negócios governamentais de uma maneira muito expressiva e muito inadequada nesses últimos três anos”.