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Império de Sal

Um governo que desonera, debatendo-se em meio à incompetência e a escândalos de corrupção

por Francisco Airton Pereira de Brito em 13/08/21 16:38

Eis que surgiu um Messias que prometia mudar toda a história de um país/continente e o colocaria nos trilhos da retidão, acabando com toda a corrupção implantada – supostamente – por um partido e por um líder vestido de vermelho! Com o suposto “salvador”, a vida daquele povo que – apesar da existência do governo acusado e totalmente demonizado pelo “Santo Guerreiro” – deveria ser transformada e banhada por dias de glória e muita bonança.

Só que não!

Então, imediatamente após empossado o novo líder, a vida das pessoas começou a mudar, mudar e mudar, a tal ponto de, em pouco tempo, os lamentáveis resultados serem bastante visíveis aos olhos do mundo! Lá fora já se sabia que alguma coisa andava errada naquele país. Somente por aqui é que as pessoas pareciam não sentir o abismo que se abria cada vez mais, numa flagrante divisão de classes, onde pobres são pobres, ricos são cada vez mais ricos, e miseráveis foram se tornando cada vez mais miseráveis.

Parecia que o grande salvador trazia na ponta de sua lança algo entorpecedor. Algo poderosamente letárgico e letal. Poucos naquele país, que parecia precisar urgentemente de cura, reconheciam o mal que se apoderava aos poucos da vida de milhões. Apenas os países que recentemente conheceram a ascensão e o crescimento que o país dessa nossa história começava a experimentar, reconheciam que ele sucumbia a passos largos, sem que ninguém tomasse uma atitude drástica que pudesse salvá-lo.

E aqui me despeço da triste fábula para escancarar as portas de uma vida real que já começa a contar uma outra história. A história da grande descoberta em que esse país começa a acordar – mesmo que lentamente – desse estado de inércia, de indolência e entorpecimento. O mundo palpável está trazendo à tona uma realidade de massacres e achincalhes, onde pobres, que por todo esse período, acreditaram que eram (pelo menos) classe média, se descobrem muito mais pobres, impedidos até nos seus direitos de sonhar em ter uma vida melhor.

É na reação dessas pessoas maltratadas, acordando do sono do engodo, que iniciamos uma história de tristes e decepcionantes revelações (para os adormecidos, é claro), em que um governo, construído em cima de muitas mentiras, regadas por poderosas fake news e parte (ou todo) de um plano asqueroso de destruição, armado com objetivos nefastos de empobrecimento de uma maioria que deveria ser mantida sob o julgo de uma elite já bastante incomodada com o crescimento das classes menos favorecidas, como pobres, habitantes das periferias, negros, homossexuais, quilombolas, mulheres, etc. E isso não podia prosperar!

O que, na verdade, esse governo não esperava era, como bem disse “aquele senador” na CPI da Covid, que “chapéu de otário é marreta”! É que as pessoas acordassem num belo dia para as malvadezas que lhes eram impostas. E a verdadeira face desse governo começou a aparecer. Caem as máscaras e o “império de sal” começa a se diluir. Infelizmente, o mal está bastante enraizado e apoiadores foram estrategicamente colocados em postos importantes, impedindo assim qualquer ação contrária aos seus interesses.

O plano foi sendo construído lentamente, iniciado pelo golpe contra Dilma Rousseff, ainda em 2014, arquitetado pelo inesquecível Aécio Neves, maior derrotado naquelas eleições. Ele será sempre lembrado como o maior responsável por esse estado de pobreza moral, econômica e intelectual em que mergulhou o Brasil. Foi a partir dali que essas forças hediondas tomaram posse, golpeando impiedosamente um país que começava a se descobrir capaz de se tornar uma grande potência mundial!

O certo é que não acreditamos que o nosso povo ainda não estava totalmente politizado ao ponto de não se deixar lograr; e erramos! É preciso que seja feita a mea culpa por termos aberto os flancos para que essas forças se apoderassem de forma tão competente, ao ponto de se solidificarem, fazendo ainda muitos acreditarem em suas “boas” intenções. Mas, toda essa solidez deverá ser lavada da face dessa terra, mesmo que suas manchas pelas paredes desse país possam ainda ser vistas por muito tempo.

No entanto, ao arquitetarem seu plano, se esqueceram de colocar na frente alguém que pudesse – pelo menos – mostrar competência administrativa para ser considerado um grande líder. Não sei se assim o fizeram para que pudessem melhor manobrá-lo, ou se foi erro mesmo de escolha. O que sabemos é que “o grande líder” põe os pés pelas mãos desde que foi entronado e parece não querer lagar o… cetro! Uma burrada atrás da outra força os mais interessados em estarem sempre atrás com um pano de chão e muita água e sabão até que tudo esteja consumado.

Não há dúvidas de que de todos os erros praticados por Vossa Alteza, de longe é o seu desdém pela maior pandemia já verificada no mundo (o coronavírus). Enquanto ele ria e chamava o vírus de “gripezinha”, coisa de maricas e outros impropérios, a população o seguia morrendo sem ar pelo país. Enquanto milhares ansiavam por uma vacina que pudesse frear a locomotiva de mortes, o líder ignorava a dor dos que se iam e dos que ficavam sem sequer poder velar seus mortos. Deixando um rastro de mortes em sua cavalgada de poder, mal sabia que – ao mesmo tempo em que impunha a sua vontade e deixava morrer à míngua milhares de pessoas – o seu castelo começaria a ruir.

E vieram muitos ex-apoiadores a declarar suas decepções e a conclamar por sua queda. Foram dezenas de pedidos de impeachment, culminando com um pedido maior, onde oposição, ex-apoiadores e grupos lúcidos de cidadãos apresentaram um pedido formal de “FORA BOLSONARO, FORA GENOCIDA” que desta vez parece haver ecoado por todo o país e até fora dele!

E está aí a CPI, que a cada dia que passa, a cada depoimento de alguém convocado, envolvido – pró ou contra – tece uma hedionda colcha de retalhos, mostrando ao país e ao mundo toda a podridão que está no seio desse governo de sal. Toda a corrupção envolvendo gabinetes paralelos, grupos interessados apenas em vilipendiar nosso patrimônio, empresa de fora do governo se infiltrando – e parece com a sua anuência – carcomendo tudo como se fosse um enorme cupinzeiro, ratos roendo um enorme queijo e se dando muito bem, até então!

Eu só espero que esta CPI, que parece querer pôr um fim a esse império de desmontes, não acabe como tantas outras totalmente esquecíveis, e que acabe em pizza. O povo pede por justiça. No momento em que escrevo esse artigo, são mais de 520 mil vidas ceifadas pela “gripezinha” do rei em apenas 16 meses de pandemia. Os mais de 2 milhões e meio de familiares enlutados e tantos outros parentes e amigos mais próximos de cada uma dessas pessoas mortas jamais esquecerão. A história não deixará esquecer e o governo de sal será lembrado nos futuros livros que as escolas hão de levar a cada aluno. O mundo não esquecerá!

Então aquele governo que instalara a democracia, que acreditava na juventude, que deu oportunidades a negros, valorizou as mulheres, com a menor taxa de desemprego, que nos fazia andar de cabeça erguida por não devermos a ninguém, onde éramos recebidos e respeitados por presidentes, reis e rainhas das mais potentes nações, que acreditava na ciência, fortalecia as instituições e tratava pobres e ricos em um mesmo patamar, era o governo do mal? Ter o lema: “mais livros e menos armas” promovia o mal? E a sua vida, cidadão, antes regada a comida na mesa, churrasco nos finais de semana, o seu carro com gasolina acessível, continua assim?

O império rui. As máscaras estão caindo e muitos ratos, ou apontam o dedo podre para o outro na corrida desenfreada para se salvar, ou se atiram ao mar! Os escândalos vão surgindo como bolhas efervescentes numa grande panela em ebulição. Negação na compra de vacinas, compra de equipamentos deteriorados e superfaturados, tentativas de subornos e tentativas de compra de vacina com uma propina bilionária, fraudes em cima de fraudes, às custas de perdas de vidas humanas insubstituíveis. É esse o governo que foi colocado no topo para acabar com as mazelas da corrupção? A realidade está posta. O governo de sal se debate em meio ao mar de lama e cabe somente ao povo botar um ponto final em todo esse mal para que a gente possa, por fim, voltar a sorrir!

E só lembrando: alguém precisa avisar ao líder que nada é para sempre! Um dia tudo acaba e a cobrança poderá vir em dobro!


Quem é Francisco Airton Pereira de Brito?

Francisco Airton é radialista e escritor

* As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews

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