Após tomada de poder por grupo extremista, afegãos tentam fugir do país. Estados Unidos acusa Talibã de cercar aeroporto internacional e impedir saída dos cidadãos
por Vitor Hugo Gonçalves em 19/08/21 18:13
Depois que o grupo extremista Talibã cercou Cabul, capital do Afeganistão, e tomou o poder por intermédio da força paramilitar, milhares de afegãos se empenharam em tentativas de fuga, visando deixar o país a qualquer custo.
Nos últimos dias, inúmeros vídeos e fotos – recortes midiáticos de uma conjuntura envolta pelo terror – passaram a circular nas redes sociais, expondo para o mundo o desesperador esforço praticado pelos cidadãos.
Após as cenas de invasão aos aeroportos e de aviões abarrotados, novos trechos dessa dramática evasão são apresentados. Em meio a uma suplicante multidão, nos arredores do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, na capital, mães e pais entregam seus filhos para militares estadunidenses e britânicos em uma tentativa de livrar as crianças daquela realidade.
As imagens registram pequenos afegãos sendo passados de mão em mão até chegarem ao encontro dos soldados dispostos em cima dos altos muros. Ben Wallace, secretário de Defesa da Grã-Bretanha, já havia alertado, no entanto, sobre a impossibilidade de remover menores desacompanhados dos pais.
Em entrevista à Reuters, na quinta-feira (18), Wallace afirmou que as Forças Armadas não podem “simplesmente levar um menor por conta própria. A criança foi levada porque a família também será levada. É muito, muito difícil para aqueles soldados, como mostram as filmagens, lidar com algumas pessoas desesperadas, muitas das quais estão apenas querendo deixar o país”.
Ao jornal britânico The Independent, um paraquedista do Exército do Reino Unido que preferiu não se identificar descreveu a condição das mães como angustiante. “Elas gritavam ‘salve meu bebê’ e jogaram os bebês em nós, alguns deles caíram no arame farpado. Foi horrível o que aconteceu. Ao final da noite, não havia nenhum homem entre nós que não estivesse chorando”, contou.
O governo dos Estados Unidos, acusou o Talibã nesta quinta-feira (19) de fixar postos de controle ao redor do aeroporto internacional de Cabul, impedindo assim a saída de afegãos que desejam deixar o país – os EUA já haviam solicitado passagem livre na área de voo.
Representantes do Talibã afirmaram à imprensa que o grupo está “cumprindo sua palavra” e “facilitando a passagem de saída segura não apenas para estrangeiros, mas também para afegãos”.
Somente dentro do perímetro correspondente ao aeroporto internacional foram registradas 12 mortes desde domingo (15), de acordo com autoridades do Talibã e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Segundo um membro do grupo extremista que preferiu não se identificar, as mortes foram causadas por tiros e durante tumultos. O Talibã pediu às pessoas que ainda estão aglomeradas em frente ao aeroporto para que retornem às suas casas caso não possuam o direito legal de viajar.
Apesar das promessas firmadas pelos insurgentes de não adotar nenhum tipo de represália, Wendy Sherman, subsecretária de Estado dos EUA, disse que “ao que parece estão [Talibã] impedindo a chegada ao aeroporto dos afegãos que desejam sair do país.” […] “Esperamos que permitam que todos os cidadãos americanos, todos os cidadãos de outros países e todos os afegãos que desejam partir o façam de forma segura e sem assédio”.
Membros do governo estadunidense, em consonância com o discurso do presidente Joe Biden, afirma que os EUA estão trabalhando para acelerar a evacuação, mas que, apesar dos esforços, não sabem informar quanto tempo a operação vai durar.
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