Pesquisa mostra que entre pais e mães da classe A, 56% tiveram “várias vezes” orientação sobre atividades para crianças de até 3 anos
por Juliana Causin em 26/08/21 20:26
A pandemia de covid-19 afetou negativamente mais as famílias da classe D em relação aos cuidados com crianças de até 3 anos, fase chamada de primeiríssima infância. O grupo de renda média mensal de R$ 720 se sentiu mais triste, ansioso e sobrecarregado, além de receber menos orientação para atividades escolares para as crianças durante o período de fechamento das creches.
Essas informações fazem parte da pesquisa Primeiríssima Infância – Interações na Pandemia: Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em tempos de covid-19, realizada pela Kantar Ibope Media, a pedido da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
Segundo o estudo, 21% das famílias de classe D relatam que não receberam nenhuma orientação durante a pandemia para atividades escolares com crianças. Nas classes ABI, de famílias com renda familiar média acima de R$ 11,3 mil, esse percentual cai para 5%, enquanto 56% afirmam ter recebido “várias vezes” orientações. A diferença aparece também no percentual de famílias que recebeu alguma orientação sobre prevenção do contágio do novo coronavírus: 29% das famílias mais pobres não tiveram nenhuma orientação, número que cai para 6% entre as famílias mais abastadas.
O tempo de convivência dos pais, mães, avós, avôs ou outros cuidadores com as crianças também mudou na pandemia e evidenciou as diferenças sociais. Entre a classe ABI, 51% relatam que tiveram mais tempo com os filhos e boas oportunidades de convivência. Na classe D, esse número cai para 33%.
Entre as famílias mais pobres, 52% dizem também que a pandemia não alterou o tempo de convivência com os filhos. Os pesquisadores indicam que essa diferença acontece porque, de maneira geral, as famílias mais vulneráveis continuaram com trabalhos informais, ou que não possibilitam o home office, como acontece entre os mais ricos.
Mariana Luz lembra que a qualidade do vínculo nessa fase da infância é determinante para o desenvolvimento das crianças. “Essa é uma fase importante, onde a gente desenvolve as nossas habilidades, nossos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. Então, toda essa base intelectual, psicológica, é constituída na primeira infância”, explica. Ela ressalta que os ambientes de estresse e vulnerabilidade econômica podem prejudicar as interações com as crianças nessa fase.
A pesquisa ouviu 1.036 pessoas das classes A, B, C e D durante março de 2021. Os entrevistados têm renda de R$ 720 a acima de R$ 11,3 mil e são responsáveis pelo cuidado de crianças de 0 a 3 anos. Os participantes responderam a questões que envolviam quatro esferas: o espaço familiar, o trabalho de pais e mães e o acesso a serviços básicos de educação, saúde e assistência social.
A pesquisa mostra ainda que a forma de brincar também foi alterada na pandemia. No geral, entre todas as classes, aumentou o número de crianças que passaram a diariamente assistir a programas de TV ou vídeos. Segundo o estudo, 44% das crianças assistiram com frequência diária à televisão ou usaram dispositivos eletrônicos. No caso da classe D, esse número sobe para 60%.
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