Geovana Borges explica que a crise econômica continua agravando situação nas favelas, enquanto ajuda para esses territórios diminui. Mulheres são as mais impactadas pela pandemia
por Juliana Causin em 31/08/21 17:59
Enquanto a crise econômica se agrava, o volume de doações perde fôlego e os efeitos da pandemia recaem com mais peso para as mães que vivem na periferia . Esse é o diagnóstico que traça Geovana Borges, diretora executiva da CUFA (Central Única das Favelas) sobre a situação das favelas brasileiras em um momento em que as consequências sociais da pandemia continuam.
“O que a gente vê é que muitas pessoas perderam seus empregos. Muitos comércios vêm fechando, muitas mães estão perdendo seus trabalhos. O número de pessoas se cadastrando e pedindo doações aumentou muito, muito mesmo”, diz ela, em relação aos cadastros da CUFA para auxílio das famílias na pandemia.
A organização, que atua em 5 mil favelas de todo o país, tem se mobilizado desde o início da pandemia para enfrentar as consequências da crise sanitária e econômica nesses territórios. Em 2020, só com o projeto Mães da Favela, com foco em auxílio a mulheres chefes de famílias, a organização atendeu 1,3 milhão de lares e 5,5 milhões de pessoas com a entrega de alimentos. O projeto foi reeditado em 2021. “A pandemia continua e a CUFA continua no front do combate à fome”, afirma Geovana, que é também uma das coordenadores do Mães da Favela no estado de São Paulo.
Ela explica que os efeitos maiores da crise nas comunidades têm recaído sobre as mães. “A carga para as mães da favela é mais pesada porque é a mãe que está ali no dia a dia, pensando como colocar a comida na mesa, como manter a sua casa, como manter em dia as suas contas, que é o grande desafio agora”, afirma a diretora executiva da CUFA.
De acordo com o Data Favela, pesquisa publicada pelo Instituto Locomotiva com a Central Única das Favelas, 72% das mães das favelas são chefes de família e 82% das mulheres desses territórios são responsáveis pela compra dos alimentos da casa. O levantamento do Instituto, divulgado em maio, mostrava que, dessas, 84% declararam que a família perdeu grande parte da renda com a pandemia do novo coronavírus.
Em maio deste ano, o IBGE mostrou que a taxa de desemprego entre as mulheres atingiu o recorde de 17,9%, enquanto o desemprego entre os homens era 12,2%. “Essas mães da favela que são atendidas pela CUFA continuam suas questões de como elas alimentam os seus filhos, como elas se mantêm. O auxílio emergencial tem um valor muito baixo para essa mãe que tem várias questões dentro de casa – entre aluguel, luz e alimentos”, afirma ela.
Depois da interrupção do pagamento do auxílio emergencial no início de 2021, o benefício voltou a ser pago pelo governo federal em abril, com valor mais baixo que o de 2020, entre R$ 150 e R$ 375. A previsão é que o auxílio continue até o mês de outubro. “As empresas e pessoas precisam continuar doando, mesmo com o avanço da vacinação. Essas pessoas vão precisar muito ainda”, acrescenta.
O documentário “Geração Covid – Impacto da pandemia na primeira infância”, obra dirigida pela jornalista Juliana Causin, está disponível no Canal MyNews. Em formato de reportagem especial, expõe os impactos da crise sanitária sobre a estrutura social brasileira, evidenciando as principais adversidades que influenciam no desenvolvimento das crianças. Com apoio do Dart Center for Journalism and Trauma, centro de estudos para jornalistas da Columbia University, Juliana Causin traçou um roteiro que demonstra como, em pouco mais de um ano, a pandemia afetou a primeira infância, investigando ainda as possíveis consequências socioeconômicas desse crítico cenário nacional.
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