Não é brincadeira, é crime. E quem decidiu isso foi a Justiça
por Hermínio Bernardo em 01/10/21 17:35
Na sessão da CPI da Pandemia nesta semana, o senador Omar Aziz cedeu a cadeira da presidência da comissão para o senador Fabiano Contarato. O parlamentar fez um dos discursos mais importantes e impactantes da CPI e até mesmo do próprio Senado em muito tempo.
Contarato denunciou que foi alvo de um ataque homofóbico do empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, que foi o depoente do dia na comissão.
“Eu aprendi que a orientação sexual não define caráter, a cor da pele não define o caráter, poder aquisitivo não define caráter”, disse. “Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Sonho com o dia em que meus filhos não serão julgados por ser negros. Eu sonho com um dia em que minha irmã não vai ser julgada por ser mulher e que o meu pai não será julgado por ser idoso”, disse Contarato.
“Esse dia ainda não chegou porque o senhor é o tipo da pessoa que retrata muito bem esse presidente da República, que fala na família, na família tradicional. Mas a minha família não é pior do que a sua porque a mesma certidão de casamento que o senhor tem eu também tenho; que fala na Pátria, que fala na legalidade, que fala na moralidade, mas o senhor é o principal violador dessa legalidade e moralidade; que fala em Deus acima de todos. Deus está no meio de nós”, completou.
O senador declarou que estava se expondo e expondo a própria família para que outras pessoas não precisassem fazer o mesmo. Ao ouvir as palavras de desculpas do depoente, Contarato ressaltou que o pedido de desculpas não deveriam ser para ele e, sim, para toda a população.
Não é brincadeira, é crime. E quem decidiu isso foi a Justiça. Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal criminalizar a homofobia, sendo enquadradas na forma de racismo até que o Congresso aprovasse uma legislação específica.
O relator desse julgamento foi o ministro Celso de Mello, que afirmou:
“Preconceito, discriminação, exclusão e até mesmo punições das mais atrozes, eis o extenso e cruel itinerário que tem sido historicamente percorrido pela comunidade LGBT, lamentavelmente exposta a atos de violências por impulsos transfóbicos”.
Um dos livros que mais mexeram comigo e recomendo para todos é “Ponto Cardeal”. O livro de Léonor de Récondo conta a história de Laurent, um homem casado, pai de dois filhos, que guarda o segredo de ser uma mulher. Laurent só se sente livre uma vez por semana, quando se torna Mathilda, quando está de vestido, salto alto e maquiagem.
“Mathilda encaixa um espelhinho no centro do volante, se olha, se acha bonita e triste ao mesmo tempo, observa o queixo, o nariz, os lábios. É o momento do despojo, o pior momento.”
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